São Paulo, quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

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VALDO CRUZ

Cenário benigno

BRASÍLIA - Em recente conversa reservada, a presidente Dilma fez o seguinte comentário: "Eu acho que a inflação não está descontrolada, mas quem avalia isso é o Banco Central" na hora de decidir se tem ou não de subir os juros.
Um pouco antes, ela havia dito ser uma "norma de prudência" adotar um ajuste fiscal no primeiro ano de qualquer governo. E o seu seguirá esse manual e fará cortes nos gastos públicos.
São análises da presidente que transmitem tranquilidade ao BC, que decide hoje, sob o comando de Alexandre Tombini, se começa um processo de aperto na política monetária. É consenso que virá.
A intensidade e a duração desse aperto dependerá da coordenação desses dois fatores implícitos nas análises da presidente. Liberdade de decisão, sem pressões fora do desejável, e outras medidas coordenadas, como a redução da demanda pública por gastos.
Até aqui, a sinalização é que o BC terá, sim, autonomia preservada na hora de decidir. E terá companhia no esforço de segurar o aumento da inflação, diante do prometido "forte ajuste fiscal" anunciado por Guido Mantega (Fazenda).
Consolidado esse cenário na condução da política econômica, será uma demonstração de que a Dilma, presidente, tende a ser mais pragmática do que a Dilma, ministra da Casa Civil.
Afinal, quando ministra, ela era uma crítica recorrente da política de juros altos do BC de Henrique Meirelles. Uma ressalva é preciso ser feita. Nunca disparou publicamente contra Meirelles.
Além disso, havia dúvidas de sua disposição em adotar forte ajuste fiscal, dado seu passado de disputas com a área econômica pelo controle dos gastos. Outra ressalva: nunca foi defensora de uma farra fiscal no setor público.
Enfim, uma maior coordenação entre BC e Fazenda, ausente no governo Lula, será benigna no campo da economia. Se vai durar, aí é outra história. A conferir.


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