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PROVA DE FOGO
Até ontem, o nome "Primeiro
Comando da Capital" estava
inscrito na crônica policial como um
embrião paulista de uma espécie de
organização criminosa típica do Estado do Rio de Janeiro. Essa percepção, tudo indica, terá de mudar.
Do Carandiru ao presídio de Taubaté, onde consta ter nascido a facção, passando por outras casas de
detenção do Estado, houve ontem
um movimento surpreendente e simultâneo de amotinação de presos.
É a mais grave crise nos presídios de
São Paulo desde a rebelião que terminou com a chacina de 111 detentos no
Carandiru, em 1992. O levante de ontem foi atribuído ao PCC.
Notável o despreparo das autoridades para o fato novo. Isso é em parte
compreensível, mas não justificável,
em face da inédita coordenação do
motim, que fez milhares de reféns.
Domingo é dia de visita de familiares
aos presos. A organização do motim
se valeu disso para lançar a ofensiva
simultânea e uma plataforma de
"reivindicações".
Diante da magnitude da insurreição criminosa, o que fazer? O governador em exercício, Geraldo Alckmin, disse que não atenderia a uma
das principais reivindicações dos rebelados: o retorno de líderes do PCC
à Casa de Detenção do Carandiru.
Acertadamente, o governador parece
empenhado em assegurar a lei e a autoridade. Não se trata de negociação
entre grevistas e patrões, mas de coação feita por um tipo de organização
criminosa. Ceder nesse momento
servirá de incentivo à desordem e de
estímulo ao crime organizado.
Porém, num momento como este,
nem sempre se pode fazer o que se
quer. Quando surge esse tipo de situação-limite, o importante é resolvê-la logo e com o menor número de
vítimas. Alckmin tem diante de si o
desafio de restabelecer a ordem evitando, ao mesmo tempo, que haja
mais mortos e feridos. É tarefa delicada e sua primeira prova de fogo no
cargo. Que possa ser bem-sucedido.
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