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PIRATARIA GLOBAL
O Brasil corre o risco de entrar
no foco de mais uma forma de
monitoramento de sua economia,
desta feita patrocinada diretamente
pelo governo dos EUA, que o acusa
de prática extensiva de pirataria.
Vai nesse sentido a pressão de uma
frente de empresas norte-americanas reunidas na IACC (Coalizão Internacional contra a Falsificação).
Esse lobby classifica a defesa da
propriedade intelectual no Brasil como "desesperadora" para as companhias proprietárias de patentes. Naturalmente, pretende obter do presidente dos EUA, George W. Bush, iniciativas mais duras contra o que julga
pirataria ou desrespeito a supostos
direitos de propriedade intelectual.
No caso brasileiro, há insatisfação
por exemplo entre multinacionais do
setor farmacêutico.
O relatório da IACC possui relatos
sobre o varejo da pirataria, como a
afirmação de que comerciantes vendem produtos falsificados à plena
vista das autoridades. Esse é um fato
corriqueiro até em países que o lobby
dos EUA não cita, como Cingapura.
À parte a defesa natural de interesses de empresas norte-americanas, o
relatório toca em problemas reais,
para os quais o governo brasileiro
não tem mostrado iniciativas suficientes. Afinal, é sabido que a pirataria atinge inclusive empresas brasileiras, sem falar da lesão à Receita,
por meio de fronteiras deficientemente controladas (o caso clássico é
o do cigarro brasileiro "importado"
do Paraguai, entre outros produtos).
Mas uma coisa é a necessidade de
combater a pirataria em nome de
uma economia mais eficiente e socialmente equilibrada. Outra é questionar a lei de patentes brasileira na
OMC. Nesse caso, a diferença é programática e não se pode esperar por
consenso num prazo curto.
Resta saber se, ao longo desse processo de negociação, os EUA atenderão aos seus lobbies domésticos a
ponto de continuar impondo sanções unilaterais, enquanto discursa
em favor da liberalização geral do comércio entre as nações.
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