São Paulo, segunda-feira, 19 de fevereiro de 2001

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FERNANDO RODRIGUES

O senador Itamar Franco

BRASÍLIA - Depois de estar com um pé dentro do PL, Itamar Franco recuou. Agora, está quase com os dois pés dentro do PMDB.
É uma aposta de alto risco. O governador mineiro está sem partido. Tem obsessão pela Presidência. Convenceu-se de que precisa ser candidato por uma sigla de porte.
Partidos grandes só existem três -PSDB, PMDB e PFL. Há outros dois médios, o PT e o PPB. Desses todos, só o PMDB aceita Itamar.
Em 98, o PMDB praticamente o expulsou. Itamar foi xingado e humilhado por quase todos que hoje habitam a cúpula da sigla, aí inclusos o líder do partido na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), e o presidente do Senado, Jader Barbalho (PA).
Passaram mais de dois anos. Itamar encantou-se com as conversas educadas do senador Renan Calheiros (PMDB-AL). O mineiro acredita que poderá disputar a indicação do PMDB para ser candidato a presidente da República.
É óbvio que essa possibilidade existe. Mas é remotíssima.
Na realidade, o que Jader Barbalho e a direção peemedebista querem é apenas construir uma boa moeda de troca para a hora da decisão, em abril ou maio do ano que vem.
Salvo uma hecatombe econômica, o país crescerá perto de 4% neste ano e em 2002. FHC será muito influente. O PSDB exigirá a vaga de presidente em nome da aliança governista.
Se o cenário atual se mantiver, não há hipótese de o PMDB ter candidato próprio. A sigla abona piamente o vaticínio de FHC: "Eu serei o último presidente da minha geração".
Mesmo que tenha seus cerca de 10% a 15% nas pesquisas de opinião, Itamar será rifado pelo PMDB. O partido irá de José Serra ou outro tucano na faixa dos 5% a 10%.
Itamar no PMDB só servirá para a sigla cobrar um preço mais alto do Planalto na hora de fechar o acordo para 2002. Ao mineiro só restará ser candidato ao Senado.
Mesmo porque a vaga para disputar o governo mineiro já está prometida pelo PMDB a Newton Cardoso.


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