São Paulo, quinta-feira, 19 de fevereiro de 2004 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Taxas
JOSÉ ANÍBAL
A taxa do lixo, criada pela prefeita e em vigor desde abril de 2003, gerou R$ 125,7 milhões em receitas no ano passado. A prefeitura espera que a arrecadação alcance os R$ 199,4 milhões em 2004. A taxa da luz, que tem o pomposo nome de Contribuição do Serviço de Iluminação Pública, é outra invenção da prefeita. Depois de criada, no ano passado, elevou a arrecadação municipal em R$ 36,1 milhões, em apenas seis meses. Em 2004, a previsão é de que traga R$ 160,2 milhões aos cofres da prefeitura. É necessário mencionar, ainda, outras três taxas. A taxa de fiscalização de estabelecimentos gerou R$ 73 milhões para o município em 2000. Em 2004, renovada e engordada pela prefeita, deverá proporcionar R$ 159,2 milhões -incremento de 118% nesses quatro anos. A taxa de anúncios recolheu R$ 20,4 milhões em 2000. Deve atingir uma receita de R$ 37,9 milhões no final deste ano, isto é, terá um aumento de 85,8%. E, por fim, a Contribuição de Melhorias, que arrecadou R$ 700 mil em 2000. A expectativa é de que alcance R$ 1,7 milhão no final de 2004, um salto de 142%. A sanha arrecadatória da prefeita também ficará na história pela proliferação de radares, cujos excessos são atribuídos por nossos motoristas a uma indústria da multa, e por aumentos na tarifa de ônibus e na Zona Azul. É preciso não esquecer, ainda, a anistia onerosa a imóveis irregulares, a permissão onerosa para funcionamento de estabelecimentos irregulares e a própria luta para municipalizar os serviços de água e esgoto, cuja conseqüência prática, podem acreditar os contribuintes paulistanos, seria uma nova fonte de recursos para a prefeitura. Todos sabemos, porque sentimos nos nossos bolsos, que a prefeita escolheu o caminho fácil de arrochar os cidadãos para aumentar os recursos a seu dispor. Fez isso em vez de administrar melhor as verbas existentes, cortando gastos e saneando despesas desnecessárias. Os números do Orçamento de São Paulo comprovam: a arrecadação de R$ 7,9 bilhões que foi registrada em 2000 subirá, de acordo com as projeções oficiais, R$ 6,4 bilhões até o final de 2004, atingindo os R$ 14,3 bilhões em um único ano, o que significa um aumento de 81% em relação ao arrecadado em 2000. Apesar do aumento substancial dos recursos disponíveis, o paradoxo: os problemas de gerenciamento continuam e é preocupante a situação financeira do município. A prefeita gasta sem controle, mais do que deveria, e o grande exemplo disso são as despesas com propaganda de sua gestão, que totalizam, até o momento, R$ 137,3 milhões. Conforme dados da própria prefeitura, as contas do município fecharam no vermelho em 2002, registrando um déficit de R$ 246,6 milhões. Estudos realizados por nós indicam que, infelizmente, o balanço final das contas de 2003 deverá revelar um novo déficit, agora de R$ 600 milhões -mais que o dobro de 2002. E isso apesar de todos os impostos e taxas, que continuarão a castigar o contribuinte paulistano. José Aníbal, 56, foi presidente nacional do PSDB. Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES José Arthur Giannotti: Fatos e disputa política Próximo Texto: Painel do leitor Índice |
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