São Paulo, segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Prêmio à ineficiência

A VALORIZAÇÃO do magistério é meta que deve ser perseguida por todos os gestores públicos -respeitados, obviamente, os limites orçamentários. Salários dignos, além do efeito motivador nos professores, atraem para a carreira bons profissionais.
Isso posto, é inaceitável que mecanismos de gratificação por desempenho sejam usados indiscriminadamente para compensar baixos salários. É o que acontece hoje na rede municipal de São Paulo.
A Secretaria Municipal de Educação registra, a cada ano, mais de 500 mil faltas em todas as escolas da rede, já descontadas aí as licenças médicas. Como há cerca de 50 mil docentes na rede, configura-se a média de 10 faltas por docente.
A assiduidade, no entanto, estranhamente não é levada em conta no momento de pagar as gratificações por desempenho. No ano passado, por exemplo, todos os professores das escolas paulistanas, faltosos ou não, foram premiados com o benefício.
Soma-se a isso o fato de os professores terem direito a dez faltas abonadas por ano -sem descontos em seus salários- e fica difícil imaginar um mecanismo mais eficiente de desestímulo ao esforço do docente. Em boa hora, portanto, o secretário da Educação, Alexandre Schneider, decidiu contabilizar a assiduidade no pagamento da gratificação por desempenho.
O propósito do secretário é fazer o cálculo de abstenções por escola, e não somente por professor. Esse método tende a inibir o abuso de faltas, já que profissionais pouco assíduos seriam cobrados por aqueles que se empenham de verdade.
Hoje, a premiação por desempenho é distribuída sem que seja levado em conta nenhum critério de eficiência. Por essa razão, a secretaria estuda incluir, além do registro de faltas, outros fatores objetivos capazes de diferenciar os professores que merecem ganhar o bônus daqueles que não deveriam ser premiados.
Os sindicatos de professores fazem justas reivindicações pela melhoria das condições de trabalho. Seria bom se dedicassem a mesma ênfase à necessidade de assegurar o direito básico dos alunos de terem aula. Todos ganhariam com isso.


Texto Anterior: Editoriais: Rever os juros
Próximo Texto: São Paulo- Vinicius Mota: Independência ou letargia
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.