|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Prêmio à ineficiência
A VALORIZAÇÃO do magistério é meta que deve ser
perseguida por todos os
gestores públicos -respeitados,
obviamente, os limites orçamentários. Salários dignos, além do
efeito motivador nos professores, atraem para a carreira bons
profissionais.
Isso posto, é inaceitável que
mecanismos de gratificação por
desempenho sejam usados indiscriminadamente para compensar baixos salários. É o que
acontece hoje na rede municipal
de São Paulo.
A Secretaria Municipal de
Educação registra, a cada ano,
mais de 500 mil faltas em todas
as escolas da rede, já descontadas
aí as licenças médicas. Como há
cerca de 50 mil docentes na rede,
configura-se a média de 10 faltas
por docente.
A assiduidade, no entanto, estranhamente não é levada em
conta no momento de pagar as
gratificações por desempenho.
No ano passado, por exemplo, todos os professores das escolas
paulistanas, faltosos ou não, foram premiados com o benefício.
Soma-se a isso o fato de os professores terem direito a dez faltas abonadas por ano -sem descontos em seus salários- e fica
difícil imaginar um mecanismo
mais eficiente de desestímulo ao
esforço do docente. Em boa hora,
portanto, o secretário da Educação, Alexandre Schneider, decidiu contabilizar a assiduidade no
pagamento da gratificação por
desempenho.
O propósito do secretário é fazer o cálculo de abstenções por
escola, e não somente por professor. Esse método tende a inibir o abuso de faltas, já que profissionais pouco assíduos seriam
cobrados por aqueles que se empenham de verdade.
Hoje, a premiação por desempenho é distribuída sem que seja
levado em conta nenhum critério de eficiência. Por essa razão, a
secretaria estuda incluir, além
do registro de faltas, outros fatores objetivos capazes de diferenciar os professores que merecem
ganhar o bônus daqueles que não
deveriam ser premiados.
Os sindicatos de professores
fazem justas reivindicações pela
melhoria das condições de trabalho. Seria bom se dedicassem a
mesma ênfase à necessidade de
assegurar o direito básico dos
alunos de terem aula. Todos ganhariam com isso.
Texto Anterior: Editoriais: Rever os juros Próximo Texto: São Paulo- Vinicius Mota: Independência ou letargia Índice
|