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CARLOS HEITOR CONY
Desigualdade eleitoral
RIO DE JANEIRO - A tese da reeleição para cargos executivos, em si,
não contraria a práxis da democracia. Um administrador tem o direito de ser julgado pelos eleitores,
submetendo-se à nova avaliação de
suas qualidades. Quem ganha leva.
Onde a situação se complica e se
torna polêmica é quanto à continuação no cargo durante a campanha. A vantagem do executivo que
está exercendo o poder, seja de presidente, governador ou prefeito, é
astronômica em relação aos demais
candidatos que estão disputando o
mesmo mandato.
Antigamente, havia a regra que
obrigava o pretendente à reeleição
a se afastar da máquina administrativa, ficando em igualdade de condições com os demais pretendentes.
A visibilidade é decisiva para empolgar o eleitorado. Mesmo que não
se trate de um abuso, a presença
constante da autoridade, acoplada a
determinado candidato, é carta poderosa para vencer o jogo. Isso sem
falar na possibilidade de misturar a
visibilidade do cargo com medidas
eleitoreiras para angariar votos.
Estamos em fase pré-eleitoral,
com a natural movimentação dos
candidatos a candidato. A Justiça
determinou que a campanha para
valer só comece meses antes da data da eleição. Os candidatos sem
mandato terão de se submeter à lei,
podendo apenas agir nos bastidores
para consolidar uma posição na disputa presidencial.
No caso da próxima sucessão presidencial, Lula garante que não será
candidato a um terceiro mandato e
se empenha até ao pescoço para dar
visibilidade à candidata que escolheu para sucedê-lo.
Na prática, e contrariando lei
eleitoral, a atual chefe da Casa Civil
já está em campanha aberta. Se não
for um balão de ensaio ou boi de piranha, a vantagem dela é tamanha
que prejudica o ritual democrático.
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