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ELIANE CANTANHÊDE
Procuram-se um pacto e um pato
BRASÍLIA - O governador interino, Paulo Octávio, fingiu que foi,
mas não foi. Ele, porém, vai acabar
indo -para a renúncia, que já está
até escrita. Trata-se de uma questão de mais dia, menos dia, enquanto Lula tenta articular uma saída
viável para a crise de Brasília.
Paulo Octávio andava em busca
de "um pacto" para ter apoio político do governo federal, da Câmara
Legislativa, dos partidos, da população e, assim, conseguir um mínimo de governabilidade por 11 meses. Era um sonho de verão.
E Lula está ainda em busca de
"um pacto" para comprometer o
Judiciário, o Legislativo, os partidos e até a oposição ao seu governo
numa saída para a falta do governador (na cadeia), do governador interino (em vias de renúncia), do presidente da Câmara Legislativa (que
não escapa) e do presidente do Tribunal de Justiça local (que não
quer).
Tudo depende da votação da intervenção pelo Supremo. Enquanto
ela não vem, Lula não quer meter a
mão nessa cumbuca. Mas, pelo sim,
pelo não, já procura discretamente,
além de um pacto, um pato para ser
eventualmente interventor. Os nomes circulam, e o importante é traçar o perfil.
Um interventor na capital da República teria de preencher vários
atributos e alguns vácuos: ter ficha
limpa, autoridade, sólido conhecimento jurídico, apoio do governo
federal e da base aliada e transitar
bem pela oposição. Além de não ser
candidato a nada em outubro.
Parece se encaixar como uma luva em Nelson Jobim, que seria o homem certo na hora certa, já que fartamente testado em crises e já disposto a deixar o Ministério da Defesa ainda no primeiro semestre. O
problema é que Jobim não tem vocação para pato. Prefere sugerir o
advogado e político Sigmaringa Seixas, ex-tucano, agora petista. A
questão, aí, é de autoridade.
O fato é que o GDF ruiu, e não
tem mais jeito nem milagre. Ninguém quer a intervenção, mas vai
acabar sendo ela ou ela.
elianec@uol.com.br
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