São Paulo, sábado, 19 de fevereiro de 2011

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Polícia e bandido

A crise que sacode as polícias fluminenses expõe uma situação que, sendo especialmente grave no Estado do Rio, também se verifica em outros pontos do país.
Não se trata de casos isolados e esporádicos de colaboração de policiais com organizações criminosas. Descortina-se um cenário em que bandidos contam com a cumplicidade de verdadeiras redes de agentes públicos -como se vai constatando, mais uma vez, na Operação Guilhotina.
Esta investida da Polícia Federal e do Ministério Público teve origem em investigações para desbaratar a quadrilha de um traficante fluminense. Em meio às apurações, a PF descobriu que o grupo contava com colaboradores espalhados por delegacias e batalhões do Estado do Rio.
Foram expedidos mandados de prisão contra dezenas de policiais civis e militares -entre os quais o ex-subchefe da Polícia Civil.
Sentindo-se ameaçado, o então chefe da instituição, Allan Turnowski, interveio na Delegacia de Repressão ao Crime Organizado, cujo titular, Claudio Ferraz, colaborou com a Operação Guilhotina. Num ataque preventivo, Turnowski acusou Ferraz de participar de fraudes em concorrências.
A seguir, o chefe da Polícia Civil foi afastado pelo secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, e viu-se indiciado por ter supostamente vazado informações para um agente que estava sob investigação.
O enredo cinematográfico parece confirmar a impressão de alguns especialistas de que a ação da chamada "banda podre" da polícia fluminense chegou a tal ponto que melhor seria "refundar" a corporação -um processo complexo, bem mais fácil de propor do que de implementar.
Obviamente não são apenas policiais do Rio que cooperam com o crime. Autoridades de vários Estados, não apenas da área de segurança mas também do Judiciário, têm sido flagradas no acobertamento de ilicitudes. É uma situação escandalosa, que está a exigir medidas mais drásticas dos poderes públicos.


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