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CLÓVIS ROSSI
Avacalhação
SÃO PAULO - O instantâneo que, no
detalhe, conta mais sobre o triste momento que vive a República foi capturado pelo blog de Josias de Souza,
reproduzido por esta Folha.
Narra a história do recurso judicial
de Delúbio Soares, o tesoureiro que o
PT teve tanta peninha em expulsar,
contra prova de concurso público para procurador da Fazenda.
Reproduzo a pergunta: "Delúbio,
funcionário público, motorista do
veículo oficial placa OF2/DF, indevidamente, num final de semana, utiliza-se do carro a fim de viajar com a
família. No domingo à noite, burlando a vigilância, recolhe o carro na garagem da repartição. Delúbio cometeu crime de: a) peculato; b) apropriação indébita; c) peculato de uso;
d) peculato-desvio; e) furto".
É simbólico que o tesoureiro do partido que se dizia dono exclusivo da
ética e da moralidade vire agora sinônimo de delinqüente. É a versão
"malufar" do petismo.
Simbólico porque a explosão de um
ambiente sórdido coincidiu com o fato de o PT estar no governo. O noticiário político foi substituído, quase
todo ele, por informações policiais.
Para onde quer se olhe, há cheiro de
podre, de putrefação.
Há compadrio político explícito, como no caso do porto de Santos, em
que o vice-líder do governo, Vicente
Cascione, confirma nomeações por
puro apadrinhamento.
Antigamente, em casos semelhantes, havia pelo menos a desculpa de
que as nomeações, embora políticas,
estavam baseadas em critérios de
competência. Agora, já nem é necessário o disfarce, na medida em que o
PT aderiu à esbórnia e, como todo
novo-rico, abusa das roupas, das
jóias e dos Land Rover.
A esbórnia inclui uma semilegalidade, em que a Justiça interfere no
Judiciário, mas não a ponto de proteger supostos direitos, como no caso do
caseiro, que começou a depor, expôs
os podres (supostos ou reais) do ministro da Fazenda e só depois teve a
palavra cortada.
É a mais pura avacalhação.
@ - crossi@uol.com.br
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