São Paulo, quinta-feira, 19 de março de 2009

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KENNETH MAXWELL

A visita de Lula

ESTA FOI A semana em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva veio a Washington.
A visita havia sido marcada para o dia 17 de março. Mas este é o Dia de São Patrício, no qual os norte-americanos de ascendência irlandesa celebram suas raízes com grandes paradas nas maiores cidades do país, um poderoso incentivo para políticos que não desejam alienar número tão elevado de possíveis eleitores. Por isso a visita de Lula à Casa Branca foi transferida para a manhã de sábado. Como consequência, terminou em larga medida ignorada por boa parte da mídia noticiosa dos EUA.
Houve uma exceção: o jornal "Washington Post" publicou um grande artigo. Mas o texto se concentrava no caso de Sean Goldman, o menino norte-americano que está no Brasil e cuja situação vem causando grande agitação entre os políticos dos Estados Unidos. Na Câmara dos Deputados, 418 dos 432 legisladores votaram por seu retorno, e a secretária de Estado Hillary Clinton mencionou a questão em seu encontro com o ministro Celso Amorim.
O caso é uma disputa de guarda que parece destinada a se tornar mais um "caso Elián". Elián González era um menino cubano que se viu envolvido em uma disputa de guarda em Miami. Os governos dos Estados Unidos e de Cuba terminaram por colaborar para repatriá-lo a Havana, apesar dos imensos protestos dos norte-americanos de ascendência cubana.
Em 2 de abril, acontece em Londres a conferência de cúpula do Grupo dos 20 (G20), entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento. O primeiro-ministro britânico Gordon Brown disse que a conferência de cúpula de Londres precisa lidar com as "raízes" da recessão econômica mundial e "reformular a regulamentação financeira em todo o mundo". Depois, de 17 a 19 de abril, em Trinidad e Tobago, acontece a 5ª Cúpula das Américas. O Brasil terá posição crucial em ambas as reuniões.
Depois de seu encontro com Barack Obama na Casa Branca, Lula declarou que os Estados Unidos e o Brasil coordenariam sua abordagem em Londres. Obama confirmou sua participação na cúpula de Trinidad e Tobago, e indicou Jeffrey Davidow para coordenar os preparativos da reunião na Casa Branca.
Antigo embaixador norte-americano no México e na Venezuela, Davidow era até recentemente presidente do Instituto das Américas, em San Diego. Trata-se de um diplomata habilidoso que ocasionalmente pode ser refrescantemente franco -bem mais do que muitos mexicanos gostariam, durante sua passagem por lá como embaixador. Mas ele precisará exercitar toda a sua habilidade para tornar a Cúpula das Américas relevante.


KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.

Tradução de PAULO MIGLIACCI



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