São Paulo, quinta-feira, 19 de abril de 2001

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FED ANTI-RECESSIVO

Se a regra de ouro dos bancos centrais é evitar a inflação, em situações de desaquecimento econômico ou mesmo de recessão aberta a prioridade é outra: evitar o pior. Nos EUA, ontem o Fed mais uma vez mostrou que a sua prioridade absoluta é reanimar a economia.
Os mercados reagiram com euforia diante da decisão, inesperada, do banco central norte-americano, que reduziu os juros em meio ponto percentual, para 4,5% ao ano. No Brasil também houve efeitos positivos, com queda nas cotações do dólar e alta na Bolsa de Valores.
No entanto, é cedo para confiar em que o dom da euforia vai tornar-se o primeiro sinal de uma nova fase de recuperação da economia norte-americana. Entre economistas há pelo menos duas tendências que interpretam com cautela as possibilidades de uma guinada rápida rumo à retomada do crescimento.
De um lado, há quem veja na redução dos juros muito mais um instrumento de descompressão, ou seja, de redução de riscos de inadimplência, do que propriamente uma política de estímulo ao crescimento.
Diante da intensidade da retração que vem sendo observada em vários setores nos últimos meses, crescia o chamado risco de crédito nos EUA. Ou seja, a queda na confiança do consumidor e o aumento no desemprego poderiam conduzir a um círculo vicioso de inadimplência, queda na produção, no emprego e, portanto, mais inadimplência.
A queda nos juros serviria mais como colchão amortecedor para, em tese, evitar a armadilha no crédito.
Outra linha de interpretação cautelosa sublinha a defasagem entre as decisões de corte de juros e a reanimação da atividade econômica.
O fato de reduções recentes ainda não terem surtido efeito suficiente, aliás, seria tão preocupante que o Fed teria afinal optado por aumentar a dose do remédio. Mesmo assim, seriam necessários meses ainda até que houvesse condições para uma autêntica recuperação.


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