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FED ANTI-RECESSIVO
Se a regra de ouro dos bancos
centrais é evitar a inflação, em
situações de desaquecimento econômico ou mesmo de recessão aberta a
prioridade é outra: evitar o pior. Nos
EUA, ontem o Fed mais uma vez
mostrou que a sua prioridade absoluta é reanimar a economia.
Os mercados reagiram com euforia
diante da decisão, inesperada, do
banco central norte-americano, que
reduziu os juros em meio ponto percentual, para 4,5% ao ano. No Brasil
também houve efeitos positivos,
com queda nas cotações do dólar e
alta na Bolsa de Valores.
No entanto, é cedo para confiar em
que o dom da euforia vai tornar-se o
primeiro sinal de uma nova fase de
recuperação da economia norte-americana. Entre economistas há pelo menos duas tendências que interpretam com cautela as possibilidades de uma guinada rápida rumo à
retomada do crescimento.
De um lado, há quem veja na redução dos juros muito mais um instrumento de descompressão, ou seja, de
redução de riscos de inadimplência,
do que propriamente uma política de
estímulo ao crescimento.
Diante da intensidade da retração
que vem sendo observada em vários
setores nos últimos meses, crescia o
chamado risco de crédito nos EUA.
Ou seja, a queda na confiança do
consumidor e o aumento no desemprego poderiam conduzir a um círculo vicioso de inadimplência, queda
na produção, no emprego e, portanto, mais inadimplência.
A queda nos juros serviria mais como colchão amortecedor para, em
tese, evitar a armadilha no crédito.
Outra linha de interpretação cautelosa sublinha a defasagem entre as
decisões de corte de juros e a reanimação da atividade econômica.
O fato de reduções recentes ainda
não terem surtido efeito suficiente,
aliás, seria tão preocupante que o Fed
teria afinal optado por aumentar a
dose do remédio. Mesmo assim, seriam necessários meses ainda até
que houvesse condições para uma
autêntica recuperação.
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