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Máquina de protesto
Ações violentas do MST mal dissimulam que seu objetivo, longe de ser a reforma agrária, é a mera sobrevivência do grupo
"O PRESIDENTE Lula está em dívida com o MST." É
ingrata a frase do
ideólogo João Pedro Stedile, dita
como prólogo de mais uma série
de arbitrariedades praticadas
pelo grupo no país, a título de comemorar o que chama de "abril
vermelho".
Três das maiores entidades ligadas ao movimento, calcula a ONG
Contas Abertas, foram agraciadas
com R$ 39 milhões
em dinheiro do
contribuinte no
primeiro mandato
petista -quatro vezes mais que na segunda gestão FHC.
Movido a verba pública e com muitos
quadros na máquina estatal, o MST
protesta.
O pretexto agora
é atacar a "monocultura da cana", depois que Lula louvou os
usineiros como "heróis". Interessante é notar, como fez reportagem do jornal "O Estado de S.
Paulo", que assentados ligados
ao MST no oeste paulista se associam a usineiros e plantam cana.
É inútil procurar coerência
programática nas invasões e depredações de propriedades e
prédios públicos, nos bloqueios
de rodovias e ataques a postos de
pedágio que grupos de sem-terra
deslancharam no país. O protesto pelo protesto é um sinal de
que o MST vai-se convertendo
numa máquina burocrática, cuja
preocupação é garantir sua própria sobrevivência.
O maior objetivo do movimento até a finalização da reforma
ministerial era a ocupação não
de fazendas mas do Ministério
do Desenvolvimento Agrário. A
confirmação na pasta do petista
Guilherme Cassel não agradou, e
a disputa que se avizinha é pelo
aparelhamento do Incra.
Cassel agiu bem ao deixar de
medir palavras para condenar a
mais nova investida do MST:
"Pauta vaga, que não justifica esse padrão de violência". Espera-se de Lula a consecução de uma
limpeza nos postos federais da reforma agrária. É
preciso livrá-los
da militância, em
nome de uma
mediação técnica
e impessoal.
Registre-se
também que o
MST já ataca o
Bolsa Família,
decerto desconfiado de que o segredo de polichinelo da reforma
agrária está prestes a ser revelado. Em grande
parte dos casos, a política de assentamentos é apenas um modo
mais dispendioso que os programas de renda mínima de responder à carência de renda de uma
fatia ainda considerável das famílias brasileiras.
Diante da necessidade de liberar o Orçamento para que outras
prioridades sejam atendidas, o
Brasil precisa explicitar os custos das políticas sociais e optar
pelas que atendam a mais cidadãos com os mesmos recursos.
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