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Museus no parque
VEM EM boa hora a decisão
da Secretaria da Cultura
do Estado de São Paulo de
despejar o Detran do prédio que
ocupa nas imediações do parque
Ibirapuera e destinar o edifício
ao Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC). Não há sentido em
manter uma repartição como o
Detran numa área da cidade cuja
vocação é o lazer.
De resto, o MAC padece já há
tempos com a falta de uma sede
adequada. Atualmente, o rico
acervo do museu se divide entre
um prédio precário no campus
principal da USP e um anexo,
igualmente impróprio, ao pavilhão da Bienal. Como resultado
do espaço inconveniente, os porões do MAC estão abarrotados
de obras que deveriam ser expostas ao público.
Outro mérito da idéia está em
ampliar e aprimorar a zona de
museus que se formou no Ibirapuera. Ali já estão instalados a
Bienal, o Museu Afro-Brasileiro,
o Museu de Arte Moderna
(MAM) e a Oca. É a versão paulistana da "museum mile" (milha
dos museus) nova-iorquina,
também nas adjacências do principal parque da cidade.
É o caso até de pensar em outras soluções que favoreçam o
pendor natural da região para o
lazer. O Detran não é a única repartição pública que "invadiu" a
área originalmente prevista para
o parque. Ali também funcionam
a Assembléia Legislativa e várias
dependências do Exército, que
poderiam em princípio ser
transferidas para outros lugares.
A proposta de colocar o MAC
no lugar do Detran é boa e deve
ser levada em frente. O secretário da Cultura, João Sayad, parece ter se entusiasmado demais e
já fala em criar museus. Seriam
bem-vindos, mas, antes de construir novos, convém que a secretaria cuide melhor dos que já
existem e estão sob sua responsabilidade. O Museu da Imagem
e do Som (MIS) e o Museu da Casa Brasileira, para citar apenas
dois, enfrentam dificuldades.
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