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Situação atípica
A ECONOMIA brasileira revela sinais contraditórios
nas suas relações com investidores e fornecedores externos. A alta na taxa de juros, recém-determinada pelo Banco
Central, procura prevenir que a
inflação escape da meta oficial.
Ao mesmo tempo, no entanto,
a decisão aumenta a dívida pública, com impactos deletérios na
política fiscal. Pelo lado externo,
impulsiona a tendência à valorização do real diante do dólar.
O movimento do BC ampliou a
diferença entre os juros domésticos (11,75% ao ano) e os internacionais (2,25% nos EUA; 4%
na área euro; 0,5% no Japão). O
mercado financeiro brasileiro ficou mais atrativo para os capitais
especulativos que vêm de fora.
O crescimento da demanda doméstica, catalisada pela valorização da taxa de câmbio, catapultou as compras externas. De janeiro a março, as exportações
cresceram 13,8%; as importações, 41,8%. O saldo comercial
caiu para US$ 2,8 bilhões, diminuição de 67,5% sobre o primeiro trimestre de 2007. Novas rodadas de valorização cambial
ajudarão a manter essa tendência a uma deterioração rápida do
saldo comercial.
Trata-se de um fenômeno atípico, pois a rarefação do saldo comercial em geral provoca a deterioração da cotação da moeda. O
risco da persistência desse cenário é o país enveredar, de novo,
pela rota do déficit comercial, do
endividamento externo e da vulnerabilidade aos humores dos
especuladores internacionais.
Toda vez que o Brasil entrou
nesse trilho, o processo culminou, mais à frente, em abrupta
desvalorização cambial, pressões inflacionárias, alta dos juros, recessão e desemprego.
O governo cogita medidas pontuais, como aumento de impostos contra capitais especulativos,
para atenuar o problema. É pouco. Seria bem mais efetivo se reduzisse gastos e aumentasse, já,
o chamado superávit fiscal.
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