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PAINEL DO LEITOR
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Razão e fé
"Parabenizo a Folha pelo importante editorial "Bush e o papa" (Opinião, pág. A2, 17/4).
A valorização exclusiva e excludente de um único modo de ser e
proceder, ainda que hegemônico, é
incompatível com a pluralidade característica da condição humana,
sobre a qual se constrói e fortalece a
dignidade para todos.
Como ensinou Bobbio, a construção do "multiverso" humano, mais
que "universo", é tarefa histórica, a
se fazer com argumentos e confrontos regidos pela razão, na arena nacional e internacional, respeitando
as escolhas individuais ditadas pela
liberdade de consciência e de crença, sem prejuízos ou interferências
unilaterais no campo público.
O respeito a todos e a justiça são a
única base possível para a democracia e a paz."
ROSELI FISCHMANN, professora do Programa de
Pós-Graduação em Educação da USP
(São Paulo, SP)
"Anacrônico e preconceituoso o
editorial "Bush e o papa", com uma
visão rósea do Iluminismo, seus mitos da razão, dos pretensos valores
morais universais, da bondade natural e da intrínseca negatividade
da religião na esfera pública, associada ao Absolutismo.
O moderno já foi desmontado pela academia. O nazismo, o stalinismo, o Holocausto, Mao, Pol Pot...
não foram expressões da religião,
mas filhos da arrogância humana,
que nos presenteia hoje com um secularismo com uma ideologia
agressiva no Ocidente, quando presenciamos uma volta do sagrado,
uma consciência do mal e uma busca de valores.
A religião -em todas as suas manifestações- se recusa a obedecer à
tirania "moderna", que a condena à
irrelevância da subjetividade, sem
participar do espaço público.
Os leitores religiosos da Folha só
têm a lamentar."
ROBINSON CAVALCANTI, bispo anglicano da diocese do Recife (Recife, PE)
Adivinho
"O presidente da Câmara dos Deputados, ao se ver atacado pelo infame (mais um) aumento para os deputados, ousou dizer que talvez o
povo prefira o fim da Câmara.
Como será que ele adivinhou?"
CARLOS SAVEDA (Santos, SP)
Cultura
"A União Brasileira de Escritores
considera pertinente e oportuno o
artigo "O negócio da cultura" ("Tendências/Debates", 16/4).
Há muito a Lei Rouanet está a
exigir alterações pelas distorções a
que tem servido. Resumidamente:
a) apropriação privada de vultosos
recursos públicos sem critérios justos de concessão; b) incentivo a projetos de mero entretenimento e
sem função cultural; c) projetos cuja bilheteria seria mais que suficiente para sua consecução.
As demais distorções, como percentagens absurdas para captadores e outras tantas, são resultado
das primeiras.
Alimenta-se círculo vicioso pelo
qual recursos públicos escassos escoam pelo ralo enquanto atividades
verdadeiramente culturais têm
pouca probabilidade de encontrar
patrocínio."
LEVI BUCALEM FERRARI, presidente da UBE
(São Paulo, SP)
UnB
"A respeito do artigo "Crise da
UnB, fundações "de apoio" e o MEC"
(18/4), o Ministério da Educação
esclarece o que segue.
1) Ao contrário do que o artigo sugere, as fundações ligadas às universidades estaduais não estão sob
jurisdição do Ministério da Educação. Denúncias de irregularidades
devem ser encaminhadas às autoridades locais competentes.
2) As fundações de apoio federais,
diferentemente das demais, foram
criadas por lei em 1994. E por lei recebem repasses dos fundos setoriais de amparo à pesquisa.
3) A limitação da atuação das fundações de apoio depende da aprovação da subvinculação de recursos
federais às universidades federais,
dispositivo do projeto de lei da reforma universitária que revoga veto
ao Plano Nacional de Educação, reivindicação histórica dos reitores federais, que defendem a autonomia
da universidade pública -e têm a
certeza de que a comunidade acadêmica federal encontrará o caminho da sua realização."
NUNZIO BRIGUGLIO, assessoria de comunicação
social do Ministério da Educação (Brasília, DF)
Ombudsman
"Por mais respeito e admiração
que tenha pelo ex-ombudsman Mário Magalhães, desta vez a Folha
tem razão na polêmica que resultou
no fim do contrato com o jornalista.
Por que o jornal deveria permitir
que se divulgasse na internet a crítica interna diária? Transparência
é bom, mas tem limites -como têm
limites a liberdade, os direitos etc.
A crítica interna é como um exame de consciência do jornal sobre
sua conduta. E exame de consciência deve ficar na esfera interior de
quem o faz."
GILBERTO DE MELLO KUJAWSKI (São Paulo, SP)
Preguiça
"Parece claro que o Estado está
jogando nas costas do indivíduo a
sua deficiência ("Pulseiras eletrônicas em presos", 15/4). Já que não
consegue fiscalizar o cumprimento
de medidas punitivas em liberdade,
impõe ao indivíduo carregar um
caixote estigmatizante que informa, 24 horas, onde o coitado está.
Isso não é diferente de grampear
por preguiça e não é diferente de
realizar busca e apreensão para ver
se acha algo criminoso (praxes ilegais cotidianas). Tudo isso é lamentável e altamente atentatório à dignidade humana."
ANDRE PIRES DE ANDRADE KEHDI, advogado
(São Paulo, SP)
Maluf
"Barbara Gancia ataca Paulo Maluf em seu artigo "A honestidade entrou em extinção?" (Cotidiano,
pág. C2, 18/4), afirmando que há
quilos e mais quilos de provas sobre
supostos atos de improbidade atribuídos ao ex-prefeito de São Paulo.
Nada foi provado contra Paulo
Maluf, pois não existe nada para ser
provado.
A Folha de 21/12/2002, por
exemplo, noticiou que Maluf foi
inocentado no famoso caso do
"frangogate" (Maluf é inocentado
pela Justiça de SP').
Em 28/12/2006, a Folha publicou o texto "Justiça arquiva ação
penal contra Maluf", sobre supostas
contas de Maluf na Suíça.
Barbara Gancia já foi processada
por Paulo Maluf e condenada a indenizá-lo por mentiras semelhantes que publicou.
Será processada novamente."
ADILSON LARANJEIRA, assessor de imprensa de
Paulo Maluf (São Paulo, SP)
Recall
"As colocações publicadas no texto "Recall iminente" (caderno Veículos, 13/4) não conferem absolutamente com o que comentei sobre
o assunto.
Disse claramente que, "se for
constatado, mesmo que tardiamente, um problema de projeto, pode
ter certeza de que a montadora responsável promoverá a reparação
cabível, sempre com seriedade e
respeito ao cliente. No caso do Ford
Explorer, por exemplo, a montadora arcou com todos os ressarcimentos por perdas e danos ocorridos,
independentemente do problema
ser ou não do fornecedor dos seus
pneus. Há necessidade de investigação criteriosa deste caso dos bancos do veículo da VW antes da publicação do artigo"."
JOAQUIM BURIN FILHO, professor do curso de pós-graduação de administração e tecnologia automotiva da FEI (São Bernardo do Campo, SP)
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