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São Paulo, segunda-feira, 19 de maio de 2003

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SINDICATO DO CRIME?

Já havia muito desconfiava-se de que as relações entre as empresas de ônibus que operam em São Paulo e o sindicato dos motoristas e cobradores não se caracterizavam exatamente pela lisura. A própria prefeita da cidade, Marta Suplicy (PT), havia qualificado -e mais de uma vez- o setor como "mafioso".
Vão agora surgindo indícios objetivos de que coisas muito estranhas ocorrem na área dos transportes coletivos de São Paulo. O Ministério Público Estadual pediu a quebra do sigilo do presidente do sindicato e de dois diretores. Eles apresentam movimentações financeiras incompatíveis com os seus rendimentos declarados. Outros seis sindicalistas também estão sob investigação.
O Ministério Público procura apurar se houve ocorrência de crimes contra a organização do trabalho e contra a ordem tributária, desobediência a ordem judicial e formação de quadrilha. A investigação teve início depois que reportagem da Folha mostrou, no início do mês, que sindicalistas tinham posses dificilmente compatíveis com sua renda.
Essas suspeitas, que já são por si graves, ganham o reforço do testemunho de um ex-diretor do sindicato, segundo o qual a diretoria da entidade recebe propinas de valor entre R$ 800 mil e R$ 1 milhão para promover "greves" de interesse dos empresários. Só na gestão de Marta Suplicy foram nove paralisações, nas quais a cidade tornou-se refém de um conluio entre empresas de ônibus e sindicato.
O testemunho não pode ser considerado prova definitiva, principalmente quando se consideram as relações de inimizade entre denunciante e denunciados. Ainda assim, a investigação deve ser levada adiante, pois, como bem afirmou José Carlos Blat, promotor do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), "se todas as informações forem verídicas, estaremos diante de um sindicato do crime".



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