São Paulo, segunda-feira, 19 de maio de 2008

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VALDO CRUZ

Pode?!

BRASÍLIA - Carlos Minc, aquele que foi, deixou de ser e acabou sendo ministro do Meio Ambiente, fará hoje sua primeira reunião com seu novo chefe, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Terá pela frente a espinhosa missão de substituir Marina Silva, ícone da causa ambiental, símbolo da resistência no governo ao apetite insaciável de empresários despreocupados com os danos de seus projetos à natureza.
Bem, espinhosa, sim, mas não impossível. Afinal, apesar de seu inegável valor, Marina nem sempre buscou o caminho menos custoso para defender suas opiniões.
É o caso das hidrelétricas do rio Madeira, em Rondônia. Se por um lado sua equipe teve o mérito de melhorar e muito os projetos, foi também responsável por atrasos desnecessários, em casos que sabia não sairia vencedora.
Talvez só pelo prazer de atrasar, e também porque alguns de seus auxiliares, se pudessem, vetariam as usinas na Amazônia. Mesmo sabendo que era impossível e que não contavam nem com o apoio geral e irrestrito de seus aliados.
O Banco Mundial, por exemplo, defendeu a exploração do potencial energético brasileiro na região amazônica, num estudo elaborado com a ajuda de ambientalistas.
O mesmo estudo diagnosticou que a equipe de Marina levava mais de um ano para entregar um documento que não deveria demorar mais de 30 dias para chegar às mãos dos interessados. Tamanho atraso é injustificável.
Tido como mais pragmático, Carlos Minc talvez saiba encurtar caminhos sem perder a qualidade da defesa ambiental. Afinal, uma coisa não está necessariamente dissociada da outra. Como a própria ministra Marina defendia, não se trata de sempre dizer "não pode, mas como pode", algo que não conseguiu, pelo visto, fazer sua equipe incorporar plenamente.
Claro que, em alguns casos, não pode mesmo. Em outros, sim. Aí, melhor definir logo, lucrando o máximo para a natureza.


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