São Paulo, sábado, 19 de junho de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Mínimo
"Os debates em torno da definição do novo valor do salário mínimo ocorridos no Senado foram motivados exclusivamente por interesses pessoais dos que integram aquela Casa. Cada um procurava marcar posição para passar o seu recado ao presidente da República. Uns queriam mostrar força ou se vingavam por terem sido preteridos. Outros aproveitaram para pressionar o governo a conceder determinado pleito. Os aliados confirmavam lealdade. Em nenhum momento levou-se em conta aquele que deveria ser o principal interessado da decisão: o trabalhador ou o aposentado que tem a sua renda vinculada ao salário mínimo. Por essa razão, a vitória dos que confrontaram o presidente Lula foi comemorada unicamente por eles. Esses R$ 15 a mais decretaram a derrota do governo federal, mas representam uma complementação ínfima, insignificante, no depauperado orçamento da maioria dos brasileiros. Para os senadores que festejaram a vitória -cada um por seus próprios motivos-, a definição do valor não tinha a menor importância. O que interessava, de fato, era passar um recado ao presidente. E o povo, fosse qual fosse o resultado, estava de antemão derrotado."
Simon Widman (São Paulo, SP)

 

"Os demagogos e os fariseus de sempre aprontaram mais uma. Derrotaram o governo no Senado e aprovaram um salário mínimo de R$ 275. Travestidos de defensores dos fracos e dos oprimidos, estão pouco se lixando para o país. É triste ver, lado a lado, antigos lambe-botas dos militares e históricos militantes de esquerda a comemorar essa enganação só pelo prazer de derrotar o governo."
William Antonio Menezello Thorlay (Santo André, SP)

 

"A aprovação do salário de R$ 275 pela maioria dos senadores não foi a maior derrota do governo Lula. A maior derrota está nas ruas: pessoas pedindo esmolas, crianças fazendo malabarismos nos semáforos, milhares de desempregados procurando o que não vão encontrar, comerciantes fechando suas portas, supermercados vazios, ambulantes vendendo de tudo entre os carros parados por obras eleitoreiras."
Carlos Gaspar (São Paulo, SP)

Preocupações
"O presidente da República deveria preocupar-se mais com os problemas que afligem os brasileiros e menos com os de outros países. Sua Excelência foi infeliz ao afirmar no encontro da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) que o Brasil tem de ajudar os países mais pobres, comprando deles mercadorias diversas, ainda que por preços superiores aos cotados por outros países. Comprar mais caro favorece o país exportador e pune o bolso dos brasileiros. Para esse governo, fazer média com outros países vale muito mais do que o bem-estar de cada um de nós."
Jayme de Almeida Rocha Netto (Campinas, SP)

Ministério Público
"É de estarrecer até o mais sereno dos cidadãos a possibilidade de o STF "algemar" as iniciativas do Ministério Público de conduzir inquérito investigativo. Seria inimaginável ver provas irrefutáveis produzidas pelo Ministério Público dissolverem-se no ar e processos em fase conclusiva pararem porque isso não foi requisitado pela polícia. Sinto arrepios só de pensar que, depois de anos de investigação do MP paulista sobre o suposto envio de dinheiro ao exterior pela família Maluf e depois da árdua tarefa de convencer as autoridades de Berna a enviarem os extratos bancários, tudo isso vire pó. Até mesmo o juiz "Lalau" poderia ser beneficiado por esse pesadelo kafkiano. Imploro aos magistrados maiores que interpretem a Constituição pesando a quem a medida irá beneficiar: o povo sofrido e espoliado pelos maus políticos ou os corruptos que pretendem ver calados aqueles que nos últimos anos têm feito um trabalho sério e sistemático contra a roubalheira instalada em todos os níveis da nação."
Daniel Rocha (Caieiras, SP)

Inflação
"Embora o tenha expressamente negado em seu artigo de 16/6 ("O real do Real'), o senhor Delfim Netto buscou, sim, minimizar o feito obtido pelo Plano Real sobre a inflação, ressaltando como conseqüência danosa o alto custo gerado para a sociedade. Estou certo de que ninguém, nem mesmo os idealizadores daquele plano, queriam aumento de déficit público ou "crescimento pífio". Ocorre que era imperioso pôr um ponto final naquela inflação galopante, que tanto contribuiu para o aumento da desigualdade social. Aliás, inflação para a qual muito contribuiu o governo militar, do qual participou o senhor Delfim. Fazer "milagre econômico" deixando a conta para o futuro é fácil."
Lafaeti Tomasauskas Bataglia (Sertãozinho, SP)

Pernas-de-pau
"Assistindo a alguns jogos da Eurocopa-2004, concluí que qualquer jogador do Brasil com um pouco de talento -não é preciso muito- pode se dar bem na Europa. São jogos horríveis, com pouca técnica. Nem os jogadores de prestígio sobressaem. É por isso que jogadores como Ronaldo, Roberto Carlos, Cafu e Kaká se dão tão bem lá. Jogar contra um bando de pernas-de-pau é fácil. A Argentina, a meu ver, é ainda o time que joga de igual para igual com o Brasil -desde que a arbitragem não influencie."
Sandro César Gallinari (Praia Grande, SP)

Oriente Médio
"Os artigos sobre o conflito israelo-palestino publicados ontem na pág. A3 ("Anti-semitismo e anti-sionismo", de Jayme Blay, e "Dois pesos e duas medidas", de Farid Suwwan) demonstram o quão distante está uma solução para o conflito no Oriente Médio. Nem Suwwan nem Blay se lembraram em seus artigos do grande líder israelense Yitzhak Rabin, covardemente assassinado por um judeu extremista em novembro de 1995. Com Shimon Peres e Iasser Arafat, Rabin recebeu em 1994 o Prêmio Nobel da Paz por seus esforços pela paz no Oriente Médio. Rabin também assinou, em 1995, o acordo de entendimento de expansão da autonomia Palestina na Cisjordânia e na faixa de Gaza, que permitia uma autoridade eleita e um Conselho Palestino. Com seu assassinato, a paz entre os dois povos ficou ainda mais distante."
José Eduardo Victor (Jaú, SP)

Nova raça
"Aos 52 anos de idade (razoavelmente bem vividos), é com espanto e admiração que "aprendo" mais uma com nossos governantes socialistas. Ao ler ontem a reportagem "Negro terá prioridade em financiamento" (Cotidiano), aprendi que o Ministério da Educação acaba de criar uma "nova raça", a dos negros privilegiados, em detrimento da dos brancos sem privilégio -só pelo fato de serem brancos. Gostaria que alguém me explicasse qual é a diferença entre um negro pobre e um branco igualmente pobre."
Antonio Eduardo Arantes (Birigüi, SP)

Esqueceram de mim
"A rua está cheia de cães abandonados. Eles sofrem, passam fome e frio e sentem saudades de quem o abandonou. Não abandone seu cão na rua, Deus está vendo e pode abandoná-lo também. O cão foi criado por Deus para ser o melhor amigo do homem, não para ser abandonado."
Vicente São Felix Filho (São Paulo, SP)


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