São Paulo, terça-feira, 19 de junho de 2007

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ELIANE CANTANHÊDE

Cadeira ou caldeirão

BRASÍLIA - A história recente adverte: presidir o Senado faz mal à saúde. No mínimo, atrai urucubaca (toc toc toc). No máximo, o presidente fica exposto e, se tem rabo preso, a coisa pode ficar feia.
Os últimos presidentes do Senado estiveram, em maior ou menor grau, enrolados com suspeitas e denúncias enquanto ocupavam a cadeira ou logo depois de saírem dela. ACM meteu-se com a quebra do sigilo na votação do caso Luiz Estevão (único senador cassado desde a redemocratização) e com suspeitas de grampo ilegal na Bahia. Jader Barbalho chegou a ser preso, com direito a imagem em horário nobre na TV, depois de afundar em mil e uma histórias de milhões de reais, até de ranários.
E os raios teimam em cair muito perto de José Sarney, sem atingi-lo. O ministro que ele indicou já se foi.
O governador que passou a vida sob as suas asas e voou também virou alvo. A candidatura presidencial da filha foi abortada pela PF.
Agora é a vez de Renan Calheiros, que virou unha e carne com Sarney na costura da aliança do PMDB com o Planalto. Lá está ele, na presidência do Senado, suando a camisa para escapar de bois magros e notas fiscais gordas. Mas nada como um dia atrás do outro, ou uma eleição atrás da outra, para tudo voltar à normalidade. ACM renunciou e voltou. Jader renunciou o voltou. E todo mundo esqueceu.
Está na hora de acabar com o tal "foro privilegiado" dos senhores parlamentares, que só podem ser julgados no Supremo. Pura perda de tempo, já que o Supremo não pune mesmo e que eles vão escapar de qualquer jeito. Conforme o jornal "O Globo" de ontem, "em 40 anos, nenhuma ação criminal no STF deu em punição". Afinal, "justiça" é isso: pune os pobres e deixa os poderosos em paz. Ou não?
A imprensa é que cria constrangimentos, alardeando um escândalo atrás do outro. Mas isso também tem jeito: chama o Chávez!

elianec@uol.com.br


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