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CESAR MAIA
Imagem externa
Cuba e Venezuela usam a
política externa como instrumento de propaganda para
multiplicar a percepção da importância de seus países. Ela é
marcada por slogans e frases
de efeito contra o imperialismo e coisas que tais.
Essa diplomacia de slogans
foi também adotada pelo Brasil. Numa fase, com o etanol,
noutra, com camisas da seleção, noutra, com acordos políticos e comerciais inócuos. Depois, o caso Honduras, onde a
embaixada brasileira foi usada como picadeiro diplomático. Agora foi a vez do Irã, que
terminou languidamente num
velório de terceira na ONU.
A diplomacia brasileira
construiu, por décadas, o respeito internacional, pela capacidade de nossos diplomatas
nas instituições, nos tratados
e nos acordos internacionais.
É verdade que um ou outro
empresário brasileiro se encanta com a venezuelização
da política comercial externa,
na medida em que consegue
contratos com financiamento
brasileiro e sem licitação.
Se somarmos as linhas de
crédito anunciadas pelo presidente às exportações brasileiras e obras no exterior, ultrapassamos os US$ 15 bilhões.
Na prática, pequena fração
disso foi efetivada só para a
alegria desses contemplados.
O Brasil anuncia o perdão
de dívidas de países pobres
para exaltar a sua própria importância. Mas, quando um
país o confronta, como a Bolívia ou o Paraguai, o presidente recua e fica feliz com os destaques na imprensa desses
países. Reclama do FMI e, para parecer grande, transfere
reservas suas no mesmo FMI.
Na crise grega atual, anunciou que participava da ajuda
Na verdade, eram US$ 250 milhões, ou 0,003333% da ajuda
internacional. No Haiti, seu
imobilismo expôs o Exército
Brasileiro ao constrangimento
de ter que abrir alas para a
passagem de militares dos Estados Unidos.
A Unasul virou outro picadeiro para o exibicionismo bolivariano coonestado pelo
Brasil. O Mercosul foi demolido. Obama impulsionou a sua
vaidade ao apontá-lo como "o
cara", antes do G-20, amaciando a sua participação.
Chefes de governo têm que
ouvir, com um sorriso amarelo, as metáforas e gracinhas
futebolísticas presidenciais.
De tudo isso, o que se vê de resultados é o Brasil ter virado
uma economia primário-exportadora, para o estremecimento, em seus túmulos, de
Raul Prebish e Celso Furtado.
E o Senado -responsável
constitucional pela aprovação
de tratados internacionais- a
tudo assiste, passivamente,
vendo suas competências invadidas. Esse é o melancólico
caminho dessa nova diplomacia histriônica, que deixa a tradição do Itamaraty num quadro de constrangimento.
Espera-se que os candidatos presidenciais explicitem
que política externa pretendem adotar, para não surpreender os eleitores depois.
CESAR MAIA escreve aos sábados nesta
coluna.
cesar.maia@uol.com.br
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