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O PAPEL DO MERCOSUL
Depois de turbulências e troca
de acusações, Brasil e Argentina conseguiram pacificar a situação
criada pela decisão do país vizinho
de limitar a importação de eletrodomésticos brasileiros. O caso serviu
para novamente realçar os limites e
as contradições do Mercosul. No vaivém que tem marcado a estruturação
do bloco, a meta de criar uma efetiva
área de livre-comércio ainda permanece longínqua.
Os obstáculos que se apresentam
dizem respeito, entre outras situações, aos desequilíbrios internos, às
instabilidades institucionais e às dificuldades de coordenação entre as diversas economias. Nesse contexto, o
Mercosul vai sendo administrado ao
sabor de crises e de interesses nem
sempre conciliáveis, numa moldura
institucional que se tornou extremamente confusa: as exceções parecem
predominar sobre as regras, e os mecanismos decisórios estão longe de
propiciar um encaminhamento
fluente e claro dos conflitos.
Muito do empenho do atual governo brasileiro em relação ao bloco relaciona-se à sua relativa importância
geopolítica. O Mercosul oferece ao
Brasil a oportunidade de se projetar
como uma liderança regional com
ambições de conquistar mais espaço
no cenário internacional. É, portanto, menos pelos benefícios do comércio entre os países-membros e
mais pelas perspectivas que se descortinam nas negociações globais
que o Mercosul aparece como uma
opção oportuna e defensável.
A partir de hoje, em Bruxelas, o bloco, sob liderança brasileira, poderá
dar um grande passo nesse sentido.
Mercosul e União Européia sentam-se à mesa de negociações com vistas
a ultimar um promissor acordo comercial. Os entendimentos, encarados com otimismo pelas duas partes, terão importante significado,
notadamente diante do impasse nas
conversações para a formação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas). Fechado o compromisso, ele
permitiria ao Brasil, já em sua fase
inicial, ganhos anuais estimados em
US$ 2,5 bilhões apenas em exportações do agronegócio.
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