São Paulo, segunda-feira, 19 de julho de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Assistência médica
"Em relação à reportagem "Segurados já ganharam muito, diz Fenaseg" (Cotidiano, pág. C1, 17/7), é lastimável saber que um diretor de uma entidade como a Fenaseg [federação das seguradoras] tenha uma visão tão alienada da realidade dos associados de planos de saúde. A contratação de um plano de assistência médica é uma necessidade básica, e não exatamente um passeio no parque para a enorme maioria dos consumidores. Ao afirmar que o consumidor já ganhou muito, Horácio Catapreta confunde plano de saúde com fundo de investimento e consumidor com investidor. Em 38 anos como associada de planos de saúde, não gastei 2,5% do valor principal pago. Portanto, considero que, se eventualmente necessitar de assistência médica, ela já está muito bem paga."
Izabel Maria de Andrade Murat Burbridge (São Paulo, SP)

Visita a UTI
"A visita que o candidato Paulo Maluf (PP) fez a uma UTI em São Paulo precisa ser mais bem apurada, e os responsáveis, punidos. Falar que o paciente veio a morrer por causa da visita de Maluf é ridículo. Ninguém pega uma infecção num dia e morre no outro. O que precisa ser apurado é quem autorizou a entrada. Esse hospital tem a obrigação de achar o responsável e puni-lo."
Ricardo Carmo (São Paulo, SP)

Trabalho escravo
"As reportagens que a Folha publicou no domingo sob a identificação "Lavoura arcaica" (Brasil, págs. A4 a A8) mostram que a tão decantada agroindústria brasileira só é moderna ao substituir trabalhadores pagos a preço vil (ou até escravizados) por máquinas. Em termos de respeito aos direitos fundamentais do homem, os agroindustriais brasileiros estão no século 19. Pagam salários de fome, tentam impedir que se faça reforma agrária no país e vivem à sombra do erário. As denúncias que a Folha fez são exemplo de bom jornalismo e mostram o quanto a imprensa decente e séria ainda pode fazer pelo país."
Eduardo Guimarães (São Paulo, SP)

Apoio a Chávez
"A coisa é muito grave. O manifesto de apoio ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, tem o propósito de denunciar "a manipulação dos fatos orquestrada por grandes monopólios de comunicação para pintar como tirano um governante que cumpre à risca a lei e a Constituição". O documento vem assinado por alguns dos maiores expoentes da inteligência brasileira. Quem se acostumou a admirar Celso Furtado, Chico Buarque, Fernando Morais e Antonio Candido não pode acreditar como emprestaram seus nomes a um texto marcado por dupla enganação: a teoria conspiratória (o complô da imprensa) e o erro clamoroso sobre Hugo Chávez, comprovadamente um demagogo autoritário e sem grandeza. Foi uma irresponsabilidade de nossos brilhantes homens de letras."
Gilberto de Mello Kujawski (São Paulo, SP)

Crítica intelectual
"Na reportagem sobre a relação entre os intelectuais e o PT ("Lula acomoda mal-estar na intelligentsia", Brasil, pág. A11, edição de ontem), somos informados de que alguns professores da USP (Universidade de São Paulo) apóiam abertamente o governo Lula. Fato curioso, pois esses mesmíssimos intelectuais, hoje no governo, escreveram, em anos anteriores, artigos contundentes de crítica à política econômica e social do governo FHC, cujas diretrizes são aprofundadas pelo governo do PT. A conclusão é uma só: um cargo no governo arrefece a crítica de alguns intelectuais e consagra o que FHC teria dito: "esqueçam o que escrevi"."
Márcia Capovilla (Rio de Janeiro, RJ)

Paciência e petismo
"A paciência que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem pedindo contrasta com as promessas de campanha. Tudo balela. Lembra até aquela conversinha de Delfim Netto e dos generais então no poder, que pediam para fazer o bolo crescer primeiro e, depois, o dividir. Ele cresceu, mas, se o dividiram, foi entre eles, os donos do poder. Nós, os da vala comum, continuamos à espera dessa quimera."
Spartaco Massa (São Paulo, SP)

"Quem tem 44 programas termina não tendo nenhum." A frase, do presidente Lula, está nas duas colunas da página 2 da Folha de ontem: na de Clóvis Rossi e na de Eliane Cantanhêde. Coincidência? Ambas revelam a preocupação excessiva de bater em Lula. Tantos assuntos importantes neste Brasil, como o caso dos precatórios e a confusão no sistema de seguros e planos de saúde. Mas esses problemas remetem aos erros do governo FHC. Não interessam aos dois colunistas, que também demonstram cansaço e estão cansando os leitores."
Alfredo Sternheim (São Paulo, SP)

Reforma do Judiciário
"Estão apequenando a reforma do Judiciário com a polêmica acerca da súmula vinculante. Ainda não vi discussão sobre se a reforma irá proporcionar aos pobres e aos desvalidos acesso fácil ao Judiciário, mais celeridade aos processos e uma profunda inclusão digital no Judiciário."
Marcos Barbosa (Casa Branca, SP)
 

"Excelente o artigo do juiz Renato Nalini ("Súmula vinculante: por que não?", "Tendências/Debates", pág. A3, 17/7). A súmula vinculante pode abreviar o término de uma ação e trazer mais agilidade à Justiça, melhorando a imagem do Judiciário perante a população. A sua não-aprovação só interessa àqueles que querem que um processo demore anos e até décadas, o que significa, em muitos casos, impunidade."
André Luiz Bogado Cunha (Amparo, SP)

Responsabilidade dos alunos
"A carta de Anselmo Carvalho Santalena sobre educação ("Educação", "Painel do Leitor", pág. A3, edição de ontem) despertou-me para uma reflexão diversa daquela exposta. Sou aluno de Direito numa faculdade privada e também noto pouca ou nenhuma vontade para os estudos de muitos de meus colegas, que são capazes de movimentos para retirar professores que se "atrevem" a solicitar um trabalho que exija um pouco mais de raciocínio, mas nada comentam sobre os altos valores da mensalidade e do reduzido horário das aulas. Mas elevar os alunos à categoria de principal problema da situação desastrosa de nosso ensino superior é corroborar os diversos mantenedores de faculdades privadas e o governo, que há décadas não investe no ensino básico e médio e permitiu que se formasse uma geração de alienados."
Alessandro Pereira de Araújo (Jundiaí, SP)

Direitos do consumidor
"Desejo manifestar minha opinião acerca da coluna de Clóvis Rossi, "Desligue" (Opinião, pág. A2,15/7), em que ele comenta o boicote que libaneses e italianos fizeram por um dia às companhias telefônicas que têm abusado dos consumidores de lá. Isso demonstra a consciência política e a capacidade de mobilização que os cidadãos daqueles países têm -bem diferente de nós, que, passivamente, temos sofrido abusos das companhias telefônicas."
Fernando Lazarini (Bebedouro, SP)


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