São Paulo, quinta-feira, 19 de julho de 2007

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No nosso serviço público é exatamente o contrário: quanto maior o cargo, maior a irresponsabilidade. Espera-se que o Ministério Público examine seriamente a responsabilidade dos dirigentes da Infraero por homicídio culposo, com a liberação indevida para o tráfego aéreo das mal acabadas pistas do aeroporto de Congonhas." FÁBIO KONDER COMPARATO, presidente da Comissão de Defesa da República e da Democracia do Conselho Federal da OAB (São Paulo, SP) "Não dá para acreditar no "gabinete da crise", pois ele é formado pelos principais responsáveis pela retenção de 60% das verbas que pagamos como taxa na compra de passagens para a manutenção da macabra estrutura aeroviária que em menos um ano já matou mais de três centenas de brasileiros." EDVALDO ANGELO MILANO (Limeira, SP) "Em 4 de julho último, a Folha publicou uma reportagem sobre o sistema ILS 3, que permite pousos com visibilidade zero. Autoridades informaram que tal sistema não seria comprado por ser caro e por ser necessário somente em algumas semanas no ano e que "não fazia parte da matriz de investimentos da Infraero". Agora, diante dessa nova tragédia, o que dirão? Que o "grooving" só serve para alguns dias do ano, quando chove "um pouco mais", e que por isso a pista foi liberada antes que o serviço fosse feito? Realmente, somos tratados como imbecis..." LUIZ ANTONIO PINCA (São Paulo, SP) "Antigamente, você não conhecia ninguém que havia sido vítima de violência (seqüestro, assalto a mão armada, tiro...). As autoridades foram incompetentes. Hoje, com certeza você conhece! E mais, você pode ser a próxima vítima. Antigamente, você não conhecia ninguém que houvesse sofrido acidente de avião. As autoridades continuam incompetentes. Pode ser que, num futuro próximo, você certamente conheça alguém que sofreu acidente de avião. E mais, você pode ser a próxima vítima." RODRIGO G. DA SILVA (Belo Horizonte, MG) "E agora, dona Marta Suplicy? O que a senhora vai dizer para os parentes das vítimas do acidente em Congonhas? Relaxa e chora?" DAVI DUMAS NEVES (São Paulo, SP) "Tentei não entrar no debate sobre as vaias. Entro agora, um momento de luto para o país, por dois motivos: 1 - Para dizer que vaias e aplausos são dois lados da mesma moeda. Ambos são democráticos e refletem um determinado momento, e só. Ocupantes de cargos eletivos; artistas e esportistas devem aprender a receber as duas manifestações com equilíbrio; 2 - Para vaiar os responsáveis (?) pelo aeroporto de Congonhas continuar recebendo muito mais aviões que sua capacidade operacional; a sociedade civil, por não intervir nesse processo, e a nós, usuários, que sempre preferimos descer em Congonhas que em Guarulhos, e portanto também temos nossa parcela de culpa. Que se consiga manter o equilíbrio neste momento tão difícil e que a dor sirva de instrumento para a ação. Urge repensar Congonhas!" PEDRO EUGENIO BENEDUZZI LEITE (Brasília, DF) "A crise no setor aéreo já perdura mais de dez meses e até agora poucas ações positivas foram tomadas. De concreto, só outro trágico acidente que comove e revolta os brasileiros. Talvez esse acidente não tenha correlação direta com a crise, mas reflexivamente é resultado dela. A sensação de insegurança e temor paira no setor aeroportuário. Isso decorre do descaso do governo federal. Chega, presidente Lula! Onde se encontra o chefe da nação, que não toma as rédeas da situação? A Anac é mais uma agência inócua e decorativa. A Infraero é reduto de burla a licitações e obras públicas. Os eleitores do presidente Lula esperavam dele alguém próximo e atento às questões do povo, do Brasil. Ledo engano! Ele está mais preocupado em "fazer bonito" no exterior, de viajar pelo mundo afora. Presidente Lula, está na hora de o senhor sentar-se na cadeira do Palácio de Planalto e governar de fato. Como chefe da nação, não pode deixar agir, de estar diretamente envolvido com as medidas para conter a crise do setor aeroportuário. Não deveria delegar suas funções nem subestimar o impacto da crise. Voar não é seguro no Brasil, graças à letargia do governo federal." ALEXANDRE PEREIRA ROCHA (Brasília, DF) "Não é preciso ter perdido um ente querido no aeroporto de Congonhas para hoje amargar essa mistura de funda tristeza com indignação. Sou leigo nas matérias em que supostos especialistas, bem pagos e assessorados, falharam miseravelmente em não evitar o evitável, a tragédia previsível, as lágrimas pelas perdas irreversíveis. Mas aposto que, nesta terra carente de uma Justiça menos solene e mais próxima do cotidiano dos cidadãos, mais uma vez faltarão a responsabilização, a punição e a reparação devida." CARLOS A. IDOETA (Santana de Parnaíba, SP) "Depois da tragédia de terça-feira, podemos creditar mais 200 mortes à incompetência, à ineficiência e à irresponsabilidade do governo federal. Não adianta decretar luto oficial e mandar a Polícia Federal investigar, o governo tem é que tomar as medidas corretas para corrigir os problemas do setor de aviação civil brasileiro. Será que o presidente Lula ainda não sabe por que foi vaiado por 90 mil no Maracanã?" ANDRÉ LUIZ FURTADO PACHECO (Brasília, DF) "A soma de Anac mais Infraero mais companhias aéreas gananciosas resultou em cerca de 200 mortos. Como piloto, desejo que as "autoridades" e os "empresários", que por desinteresse, incompetência, corrupção e ambição, causaram o crime monstruoso que foi esse acidente em Congonhas, sofram todas as conseqüências e pelo menos uma vez na vida do país recebam a mais severa punição. E carreguem pelo resto da vida a responsabilidade pela morte de 200 pessoas." LUIZ SOUZA (Curitiba, PR) Leia mais cartas na Folha Online www.folha.com.br/paineldoleitor Serviço de Atendimento ao Assinante: 0800-775-8080 Grande São Paulo: 0/xx/11 3224-3090 www.cliquefolha.com.br Ombudsman: 0800-15-9000 ombudsman@uol.com.br www.folha.com.br/ombudsman Texto Anterior: Boris Fausto: Pacientes e médicos Próximo Texto: Erramos Índice

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