São Paulo, terça-feira, 19 de julho de 2011

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Expectativa na China

Crise da dívida na Europa e nos EUA aflige economia global e concentra esperança no desempenho chinês, que também tem suas incógnitas

A ansiedade dos mercados financeiros decorre do endividamento público norte-americano e europeu. Está claro que, mesmo no cenário mais otimista, Europa e EUA ficarão vários anos ocupados em reduzir suas dívidas.
Nesse quadro de incerteza, do qual a queda nas bolsas ontem foi mais um sintoma, o crescimento nessas regiões continuará débil.
A esperança de manter o dinamismo da economia global tem recaído sobre os países emergentes, em especial a China. Daí ser preocupante que, abaixo da superfície, venham se acumulando sinais de desequilíbrios também por ali.
Chama a atenção o rápido aumento dos volumes de crédito nos últimos dois anos. A preocupação maior é com o risco de uma onda de inadimplência de grandes proporções, capaz de comprometer seu potencial de crescimento.
Como resposta à crise de 2008, a China promoveu um maciço programa de investimentos, financiado por crédito público. No fim de 2010, o volume de financiamento totalizava US$ 5,9 trilhões, equivalentes a 160% do PIB. Uma alta de 71% em relação a 2008. Em 18 meses, o ritmo de crescimento do crédito caiu, mas permanecia acima de 15% ao ano até junho.
Parte do crédito foi concedida a governos locais, que na China são os grandes executores dos projetos de investimento. Estimativas independentes e de órgãos reguladores indicavam crédito entre US$ 1,4 trilhão e US$ 2,2 trilhões para essas administrações.
É possível que uma parcela relevante das dívidas, em especial as que foram direcionadas para os governos regionais, jamais seja paga. A conta recairia sobre o governo central e os bancos oficiais.
O problema é que não se conhece a viabilidade de muitos desses projetos, em especial os do mercado imobiliário. Para muitos analistas, já se observa uma bolha de imóveis na China, que também seria um subproduto da retração de aplicações financeiras. Como a inflação -de 6,4% nos últimos 12 meses- tem superado a taxa de juros, a alternativa de muitas famílias é comprar imóveis.
Não se prevê uma iminente crise bancária na China, tendo em vista a ampla poupança disponível em mãos do governo. Mas uma eventual virada no mercado imobiliário teria impacto negativo no crescimento chinês e no restante das economias do mundo.


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