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Expectativa na China
Crise da dívida na Europa e nos EUA aflige economia global e concentra esperança no desempenho chinês, que também tem suas incógnitas
A ansiedade dos mercados financeiros decorre do endividamento público norte-americano e
europeu. Está claro que, mesmo
no cenário mais otimista, Europa
e EUA ficarão vários anos ocupados em reduzir suas dívidas.
Nesse quadro de incerteza, do
qual a queda nas bolsas ontem foi
mais um sintoma, o crescimento
nessas regiões continuará débil.
A esperança de manter o dinamismo da economia global tem recaído sobre os países emergentes,
em especial a China. Daí ser preocupante que, abaixo da superfície,
venham se acumulando sinais de
desequilíbrios também por ali.
Chama a atenção o rápido aumento dos volumes de crédito nos
últimos dois anos. A preocupação
maior é com o risco de uma onda
de inadimplência de grandes proporções, capaz de comprometer
seu potencial de crescimento.
Como resposta à crise de 2008,
a China promoveu um maciço programa de investimentos, financiado por crédito público. No fim de
2010, o volume de financiamento
totalizava US$ 5,9 trilhões, equivalentes a 160% do PIB. Uma alta
de 71% em relação a 2008. Em 18
meses, o ritmo de crescimento do
crédito caiu, mas permanecia acima de 15% ao ano até junho.
Parte do crédito foi concedida a
governos locais, que na China são
os grandes executores dos projetos de investimento. Estimativas
independentes e de órgãos reguladores indicavam crédito entre US$
1,4 trilhão e US$ 2,2 trilhões para
essas administrações.
É possível que uma parcela relevante das dívidas, em especial as
que foram direcionadas para os
governos regionais, jamais seja
paga. A conta recairia sobre o governo central e os bancos oficiais.
O problema é que não se conhece a viabilidade de muitos desses
projetos, em especial os do mercado imobiliário. Para muitos analistas, já se observa uma bolha de
imóveis na China, que também seria um subproduto da retração de
aplicações financeiras. Como a inflação -de 6,4% nos últimos 12
meses- tem superado a taxa de
juros, a alternativa de muitas famílias é comprar imóveis.
Não se prevê uma iminente crise bancária na China, tendo em
vista a ampla poupança disponível em mãos do governo. Mas uma
eventual virada no mercado imobiliário teria impacto negativo no
crescimento chinês e no restante das economias do mundo.
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