São Paulo, terça-feira, 19 de julho de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Editoriais

editoriais@uol.com.br

Novos Carandirus

Em contraste com a percepção de parte do público, a criminalidade cai de forma consistente no Estado de São Paulo. O número de homicídios por grupo de 100 mil habitantes baixou para 9,77 em maio -o menor nível em 15 anos.
Ganhos de renda e diminuição do desemprego estão na raiz dessa evolução, mas não menos importante terá sido o aumento da eficiência policial. Nunca se prenderam tantos criminosos no Estado, cuja população carcerária cresce à razão de 37 presos por dia.
Há cerca de 178 mil detentos nas prisões paulistas. Isso equivale a 426 encarcerados por 100 mil habitantes, número muito acima da média nacional (259 por 100 mil).
Nem tudo é positivo nesse desenvolvimento, contudo. A prisão deveria funcionar como meio de afastar o indivíduo perigoso da sociedade e como oportunidade de regeneração, não como vingança -descarta-se, por isso, o castigo desumano, que nas prisões brasileiras se materializa na forma de cárceres superlotados e violentos.
O governo estadual paulista construiu muitos presídios, mas não na velocidade necessária. Desativou a infame Casa de Detenção do Carandiru, em 2002, mas ao menos duas outras masmorras similares se acham em gestação: o "Cadeião de Pinheiros", onde 5.200 presos se empilham em espaço para 2.056, e o "Carandiru Caipira", em Hortolândia, que tem 6.100 detentos em 2.610 vagas.
Cadeias apinhadas, em que se misturam infratores de alta e baixa periculosidade, transformam-se em universidades do crime. Aí incubam-se rebeliões sangrentas, fenômenos que parecem sob controle em São Paulo -por ora.
Amanhã, o Conselho Nacional de Justiça inicia uma série de visitas de vistoria a prisões paulistas. A primeira providência é soltar os presos que já têm direito à liberdade e permanecem encarcerados por falhas no sistema judicial. Há grande expectativa, ainda, com o efeito das novas medidas cautelares, alternativas à pena de prisão, do Código de Processo Penal.
Ainda assim será preciso erguer mais penitenciárias, além das 11 em construção. Para tanto, há que dobrar a resistência de prefeitos e munícipes, que chegam a recorrer à Justiça contra a instalação de presídios na sua cidade -como se combater a criminalidade não fosse do interesse de todos.


Texto Anterior: Editoriais: Expectativa na China
Próximo Texto: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: Por que não reagimos?
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.