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A FUNÇÃO DOS HOSPITAIS
É difícil dizer se o plano da
Santa Casa de São Paulo de restringir o atendimento a casos mais
simples, concentrando-se em situações de maior complexidade, alcançará bons resultados. Não há dúvida,
porém, de que o sistema de saúde se
ressente de profundas transformações, entre elas o uso de hospitais de
ensino apenas no atendimento de casos mais complexos.
Nesse sentido, é oportuna a iniciativa do Ministério da Saúde de lançar
o Programa de Reestruturação dos
Hospitais de Ensino do SUS (Sistema Único de Saúde), pelo qual serão
celebrados contratos que alteram a
forma de remuneração dessas unidades com vistas a promover as mudanças necessárias. A Santa Casa,
por exemplo, vai deixar de receber
por procedimentos realizados, passando a ganhar uma quantia fixa,
que poderá ser maior se determinadas metas forem cumpridas. Uma
delas é a de reduzir a demanda espontânea pelos serviços do hospital,
que deve atender primordialmente
pacientes encaminhados por prontos-socorros e unidades de atendimento básico da prefeitura.
É claro que esse sistema enfrentará
problemas. Entre as dificuldades está a desconfiança que a população
nutre pelos postos de saúde. Ainda
que eles existissem em número suficiente e fossem racionalmente distribuídos pela cidade -o que está longe de ser verdade-, é muito provável
que a procura espontânea pelos centros de referência continuasse.
O problema desse hábito é que ele
costuma resultar num excesso de demanda pelos grandes hospitais. A
espera nas filas para atendimento na
Santa Casa ou no Hospital das Clínicas de São Paulo pode chegar a vários
meses, o que, obviamente, não é
bom para o hospital e, principalmente, para o paciente.
Quando se onera a rede de hospitais de ensino com milhares de casos
mais simples, não apenas cai a qualidade dos atendimentos de maior e de
menor complexidade como recursos
valiosos são mal utilizados.
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