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Da euforia à depressão
EXPLICITA-SE mais uma vez a
lógica de funcionamento
dos mercados de capitais
internacionais. Na fase de euforia, os investidores impulsionaram a valorização dos ativos
(imóveis, commodities, títulos
de dívida e moedas de países
emergentes e ações). A confirmação das expectativas e a concorrência pelo ganho resultaram
no abandono da prudência.
Os gestores tomam empréstimos para apostar na alta dos preços, utilizando modelos estatísticos sofisticados, nos quais o passado se reproduz no futuro. Com
esses complexos instrumentos
de gestão, ampliaram-se as operações de alto risco, vendidas
com o amplo respaldo das agências de classificação.
Na fase de pessimismo, ocorrem movimentos bruscos de
queda nos preços. A intensificação das ordens de venda e queda
nas cotações obrigam à liqüidação de posições para honrar os
empréstimos. Espalham-se as
incertezas sobre a qualidade dos
ativos. Na impossibilidade de se
quantificarem os riscos, os bancos retraem suas operações.
Assim, o ajuste nos mercados
financeiros ocorre por desvalorização dos estoques acumulados,
o que torna o sistema muito instável. Haveria, então, a necessidade de maior regulamentação.
A arquitetura do sistema financeiro internacional precisa
ser reforçada no que tange à
atuação dos bancos centrais e
aos limites para endividamento e
tomada de posições em aplicações altamente especulativas pelos grandes bancos.
Instituições como o FMI e o
BIS (Banco para Compensação
Internacional) só fazem propagandear a suposta melhoria na
auto-regulação dos mercados.
Não fosse o velho papel de emprestador de última instância
dos BCs, desenvolvido a duras
penas há mais de um século, os
estragos de uma crise como a
atual seriam devastadores.
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