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Inconfidência mineira
ANTONIO CARLOS DE FARIA
Rio de Janeiro - Itamar e Ciro Gomes
agendaram um encontro para este final de semana no Rio. Novamente os
cariocas recuperarão um pouco do
perdido charme de viver próximos ao
centro da conspiração política do país.
Embora deva resultar em quase nada prático, o encontro tem em si muito
de simbólico. Não poderia acontecer
em lugar mais apropriado do que numa cidade que tem a tradição de
apoiar alternativas de oposição ao poder.
Esse espaço criado pelos cariocas está vazio. Desde que se desencantaram
com o governo Brizola, os moradores
do Rio passaram a procurar soluções
pragmáticas e não se seduziram por
mais nenhuma liderança que tivesse o
carisma messiânico.
Marcello Alencar e César Maia são
opções do mesmo naipe num baralho
de opções limitadas. Egressos do grupo
brizolista, tentaram galvanizar a
energia efluente dos últimos estertores
do populismo. Ambos tiveram que
procurar outros caminhos, diante do
final daquele cadáver andante, e acabaram por se encontrar no mesmo
destino. Apresentam-se como administradores competentes, longe de
qualquer ideologia.
O PT nunca conseguiu uma implantação definitiva no Rio, e nas últimas
eleições o próprio partido tratou de
solapar a candidatura viável de Chico
Alencar.
Agora, para consolidar sua vocação
para o fracasso, os petistas trabalham
com antecedência uma união eleitoral
com o que sobrou do PDT. Nem os últimos pedetistas andam acreditando
no que estão vendo.
No plano nacional, o Rio rechaçou
Collor na eleição e foi o primeiro local
onde surgiram manifestações populares pela sua queda. FHC teve aqui
uma vitória sem brilho ou entusiasmos de militância.
O mineiro Itamar e o ex-governador
do Ceará não parecem talhados para
despertar a paixão dos cariocas pela
contestação. Mas, pelo menos por alguns dias, souberam escolher muito
bem o cenário para suas inconfidências de hora marcada.
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