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São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 2003

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RENDA EM QUEDA

O governo tem adotado várias medidas para estimular a demanda interna na economia. Anunciou incentivos ao microcrédito, liberou recursos do FGTS para pagamento de prestações da casa própria em atraso, concedeu redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a indústria automobilística, criou linhas de crédito para a compra de eletrodomésticos e instituiu mecanismos de empréstimos com garantia da folha salarial.
São decisões que, embora caminhem no sentido correto de fomentar o consumo e aliviar as finanças das famílias de menor renda, ainda preservam características de paliativos, não parecendo suficientes para mudar o quadro de desaquecimento no qual a economia patina.
De fato, a forte contração da renda das famílias, com a elevação do desemprego, queda na massa salarial, precarização do trabalho e aumento da inflação no final de 2002, afigura-se como um grave obstáculo a ser superado, mesmo quando se tem em mente apenas uma reativação mais superficial da atividade econômica, baseada na expansão do consumo.
Segundo dados da consultoria Rosenberg & Associados, divulgados ontem pelo jornal "Valor", a renda real disponível para o consumo, descontando-se a inflação e o aumento das despesas com serviços públicos, caiu 7% em relação ao ano passado e 36% na comparação com 1998 na região metropolitana de São Paulo.
Diante dessa realidade, medidas isoladas não deverão ter maiores consequências caso não sejam acompanhadas do fundamental, que é a redução da taxa básica de juros a patamares que estimulem a atividade produtiva e provoquem efeitos mais palpáveis sobre a oferta de crédito.
A manutenção do gradualismo adotado, no assunto, pelo Banco Central lança dúvidas sobre a capacidade de a economia reagir com maior ímpeto nos próximos meses. A escassez de renda acompanhada por uma política que resiste a reduções mais acentuadas dos juros vai prometendo alongar o quadro de restrições, com perspectivas de recuperação lenta, baixa geração de empregos e pouco dinamismo.


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