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RENDA EM QUEDA
O governo tem adotado várias
medidas para estimular a demanda interna na economia. Anunciou incentivos ao microcrédito, liberou recursos do FGTS para pagamento de prestações da casa própria
em atraso, concedeu redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a indústria automobilística, criou linhas de crédito para a
compra de eletrodomésticos e instituiu mecanismos de empréstimos
com garantia da folha salarial.
São decisões que, embora caminhem no sentido correto de fomentar o consumo e aliviar as finanças
das famílias de menor renda, ainda
preservam características de paliativos, não parecendo suficientes para
mudar o quadro de desaquecimento
no qual a economia patina.
De fato, a forte contração da renda
das famílias, com a elevação do desemprego, queda na massa salarial,
precarização do trabalho e aumento
da inflação no final de 2002, afigura-se como um grave obstáculo a ser superado, mesmo quando se tem em
mente apenas uma reativação mais
superficial da atividade econômica,
baseada na expansão do consumo.
Segundo dados da consultoria Rosenberg & Associados, divulgados
ontem pelo jornal "Valor", a renda
real disponível para o consumo, descontando-se a inflação e o aumento
das despesas com serviços públicos,
caiu 7% em relação ao ano passado e
36% na comparação com 1998 na região metropolitana de São Paulo.
Diante dessa realidade, medidas
isoladas não deverão ter maiores
consequências caso não sejam
acompanhadas do fundamental, que
é a redução da taxa básica de juros a
patamares que estimulem a atividade
produtiva e provoquem efeitos mais
palpáveis sobre a oferta de crédito.
A manutenção do gradualismo
adotado, no assunto, pelo Banco
Central lança dúvidas sobre a capacidade de a economia reagir com
maior ímpeto nos próximos meses.
A escassez de renda acompanhada
por uma política que resiste a reduções mais acentuadas dos juros vai
prometendo alongar o quadro de
restrições, com perspectivas de recuperação lenta, baixa geração de empregos e pouco dinamismo.
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