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AINDA AS ARMAS
Embora possa parecer um retrocesso, a derrota da proposta
de realização de um plebiscito para
decidir sobre a proibição de venda de
armas no país poupará o mecanismo
de consulta popular de um previsível
desgaste. Apesar de ser desejável a redução da presença de armas de fogo
em mãos de civis, sabe-se que o principal problema continuará sendo o
comércio irregular, aquele que ocorre informalmente entre pessoas ou
por meio do contrabando, do vazamento ou do furto em instituições armadas, como as polícias e empresas
de segurança.
O estudo "Fiscalização de Armas
de Fogo e Produtos Correlatos", elaborado pelo coronel de infantaria
Diógenes Dantas Filho, mapeou as
rotas utilizadas pelo tráfico de armas
e estimou a existência no país de 20
milhões de armamentos sem registro em contraposição a 2 milhões oficialmente registrados.
Mobilizar a população para um
plebiscito contra a venda de armas,
num ambiente propenso ao emocionalismo, tenderia a gerar ilusões e
frustrações. Uma vitória da proposta
de proibição do comércio provavelmente criaria uma falsa expectativa
de maior segurança na sociedade.
Não é preciso imaginação para perceber que a proibição pura e simples
da venda levaria à ampliação do mercado clandestino.
Isso não significa que medidas de
controle não devam ser adotadas.
Elas seriam, de fato, úteis para reduzir a incidência de homicídios por
motivos fúteis ou de mortes causadas em tentativas de reação a criminosos, que, na maior parte das vezes,
levam vantagem no confronto com
cidadãos comuns. Não se trata, porém, de questão para plebiscito, mecanismo que deve ser reservado a temas com consequências mais decisivas para a vida do país.
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