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EM BUSCA DE ALIADOS
Os Estados Unidos vêm fazendo sondagens formais e informais a diversos países, entre os
quais o Brasil, em busca de tropas
para substituir parcialmente seus
soldados no Iraque, seja no âmbito
de um novo mandato das Nações
Unidas, seja fora dele. Ainda que alguns países, como a Polônia e a Holanda, estejam de fato ajudando e outros, como a Bulgária, mostrem-se
dispostos a fazê-lo, as respostas de
um modo geral têm sido negativas.
A menos que existam motivos muito fortes a exigir o contrário, nenhum governante deve estar ansioso
para enviar soldados a um ambiente
hostil e perigoso como é o Iraque hoje. Há uma diferença acentuada entre
missões de manutenção da paz, comumente patrocinadas pela ONU, e
as de imposição de ordem, que envolvem combate a focos de guerrilha.
Essa situação exige maior cuidado
na escolha das tropas. Soldados mal
equipados e mal treinados, como os
que muitas vezes servem em operações da ONU, poderiam revelar-se
um desastre. Pelo menos para as
áreas mais conflituosas, os EUA têm
necessidade de tropas profissionais
qualificadas. Essa exigência já limita
o número de países que poderiam vir
a colaborar.
Outro ponto a considerar é o das
nacionalidades. Soldados de países
malvistos pela população iraquiana
poderiam trazer mais problemas do
que soluções. Não seria inteligente
enviar, por exemplo, militares hindus, que mantêm uma rixa com seus
vizinhos muçulmanos do Paquistão.
Nunca é demais lembrar que muitos aliados históricos dos EUA se
opuseram à invasão do Iraque, que
não contou com a aprovação da
ONU. Enviar agora homens para
atuar naquele país sob o comando
do Pentágono equivaleria a legitimar
"a posteriori" a intervenção norte-americana, além de ajudar o presidente George W. Bush em sua agenda eleitoral. Sem que mudem as imposições norte-americanas quanto à
preservação do comando militar e
das vantagens econômicas da reconstrução do Iraque, não será fácil
encontrar voluntários.
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