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São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 2003

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EM BUSCA DE ALIADOS

Os Estados Unidos vêm fazendo sondagens formais e informais a diversos países, entre os quais o Brasil, em busca de tropas para substituir parcialmente seus soldados no Iraque, seja no âmbito de um novo mandato das Nações Unidas, seja fora dele. Ainda que alguns países, como a Polônia e a Holanda, estejam de fato ajudando e outros, como a Bulgária, mostrem-se dispostos a fazê-lo, as respostas de um modo geral têm sido negativas.
A menos que existam motivos muito fortes a exigir o contrário, nenhum governante deve estar ansioso para enviar soldados a um ambiente hostil e perigoso como é o Iraque hoje. Há uma diferença acentuada entre missões de manutenção da paz, comumente patrocinadas pela ONU, e as de imposição de ordem, que envolvem combate a focos de guerrilha.
Essa situação exige maior cuidado na escolha das tropas. Soldados mal equipados e mal treinados, como os que muitas vezes servem em operações da ONU, poderiam revelar-se um desastre. Pelo menos para as áreas mais conflituosas, os EUA têm necessidade de tropas profissionais qualificadas. Essa exigência já limita o número de países que poderiam vir a colaborar.
Outro ponto a considerar é o das nacionalidades. Soldados de países malvistos pela população iraquiana poderiam trazer mais problemas do que soluções. Não seria inteligente enviar, por exemplo, militares hindus, que mantêm uma rixa com seus vizinhos muçulmanos do Paquistão.
Nunca é demais lembrar que muitos aliados históricos dos EUA se opuseram à invasão do Iraque, que não contou com a aprovação da ONU. Enviar agora homens para atuar naquele país sob o comando do Pentágono equivaleria a legitimar "a posteriori" a intervenção norte-americana, além de ajudar o presidente George W. Bush em sua agenda eleitoral. Sem que mudem as imposições norte-americanas quanto à preservação do comando militar e das vantagens econômicas da reconstrução do Iraque, não será fácil encontrar voluntários.


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