São Paulo, quarta-feira, 19 de setembro de 2007

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Na folha do tráfico

POLICIAIS são presos por suspeita de estar na folha de pagamento de traficantes. Algo corriqueiro, não fosse pelos números superlativos.
Foram detidos nada menos do que 56 policiais militares de um único batalhão -quase 10% do efetivo- do município de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. As investigações, conduzidas pela Polícia Civil fluminense, duraram sete meses, interceptando, com autorização da Justiça, 430 horas de conversações telefônicas. Também participaram da operação a Corregedoria Geral da PM, o Serviço de Investigações da corporação e seções de Assuntos Internos de alguns batalhões.
Ações como essa são elogiáveis. É preciso enfrentar com vigor não só os bandidos como também a corrupção policial, sem a qual o crime organizado não prospera. Estratégias de contemporização adotadas por administrações anteriores são inadmissíveis. O Estado não pode renunciar a combater o crime.
O problema é que, apesar dessas operações, o número de agentes excluídos da corporação ainda é baixo. Neste ano, a Corregedoria da Polícia Militar do Rio instaurou 5.381 procedimentos para investigar infrações cometidas por agentes do Estado, que, por ora, resultaram na expulsão de 161 praças (2,9%).
Os índices de criminalidade no Rio de Janeiro também custam a cair. De acordo com dados oficiais ainda preliminares, índices que tinham caído em julho, devido ao esquema de segurança dos Jogos Pan-Americanos, voltaram a subir em agosto. O número de prisões, que havia aumentado 6% de junho para julho, baixou 7% em agosto. O total de roubos, que havia sido reduzido em 11% em julho, subiu 12% no mês seguinte.
As chamadas mortes em confronto com a polícia, que haviam sofrido redução de 21% em julho, tiveram agora um acréscimo de 67%. O dado pode indicar que a polícia ficou mais violenta ou que aumentou a sua disposição de enfrentar o crime organizado.
Os resultados ainda modestos não devem arrefecer a disposição do governador Sérgio Cabral e dos bons policiais do Rio de combater o crime e a corrupção. Mais cedo ou mais tarde, bons números aparecerão.


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