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Editoriais
Palpite imprudente
A
CRISE boliviana dá sinais
de enfraquecimento enquanto avançam as frágeis
negociações entre o presidente
Evo Morales e os governadores
oposicionistas. A pauta do primeiro encontro, marcado para
ontem, incluía levante de bloqueios e desocupação de prédios
oficiais, além de temas como autonomia dos departamentos e
divisão dos recursos do gás.
A diplomacia brasileira atua
bem até o momento; oferece ajuda sem, no entanto, imiscuir-se
num assunto interno da Bolívia.
Na reunião de governantes sul-americanos de segunda-feira, em
Santiago, Brasília condicionou
qualquer iniciativa de mediação
internacional a um pedido do
presidente boliviano, sem apontar soluções para os temas em
disputa. Prestigiou-se a tradição
brasileira de não-ingerência.
O presidente Lula, no entanto,
escorregou ao comentar, anteontem, a expulsão do embaixador dos EUA da Bolívia, acusado
de conspirar com a oposição.
Ainda que o apoio de Lula à atitude de Morales tenha ficado no
condicional -"no caso de o embaixador ter manifestado ingerência nos assuntos do país"-,
foi uma declaração infeliz, em
desacordo com a neutralidade
que o Brasil persegue.
Em diplomacia, palavras importam -e as autoridades brasileiras deveriam medir muito
bem todas as suas antes de referir-se à crise boliviana. O assunto
da expulsão do embaixador americano diz respeito apenas à Bolívia e aos Estados Unidos.
Bravatas intervencionistas não
são novidade em se tratando do
presidente da Venezuela, Hugo
Chávez, que ameaçou mandar
armas para a Bolívia e entrou em
altercações com o chefe das Forças Armadas bolivianas. Já de
Lula se espera que mantenha o
distanciamento não apenas nos
atos da diplomacia, mas também
nas manifestações públicas.
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