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MELCHIADES FILHO
Emergência
BRASÍLIA - A duas semanas da
votação, já é possível identificar
três políticos regionais que ganharam, na campanha de 2008, o direito de jogar o xadrez de 2010: Beto
Richa, João Paulo e Sérgio Cabral.
Com uma aprovação (81%) de
causar inveja a Lula, o prefeito de
Curitiba não só caminha para a reeleição como se cacifa para tomar o
Estado. A perspectiva de vitória do
tucano daqui a dois anos é tamanha
que o governador Roberto Requião
(PMDB) já negocia a "transição".
Para o PSDB, a próxima empreitada de Richa será estratégica, por
representar uma barreira no Sul ao
candidato de Lula ao Planalto. Serra e Aécio não vão se assanhar em
2010 sem o apoio do paranaense.
Em Recife, João Paulo acertou ao
confiar em seu taco (59% de ótimo/bom) e apostar no secretário do
Orçamento Participativo, programa que mobilizou 12% das verbas
municipais e 30% dos habitantes.
Seu "poste", João da Costa, tende a
vencer já no primeiro turno.
O resultado dará ao prefeito legitimidade para controlar o PT pernambucano e desafiar a reeleição
do aliado Eduardo Campos (PSB). É
possível que, para evitar o duelo,
Lula faça de João Paulo ministro.
Mas, precavido, o governador, ele
próprio um emergente em 2006, já
trabalha seu nome para vice na chapa de Dilma -atropelando o projeto do correligionário Ciro Gomes.
Cabral deve fazer o prefeito do
Rio -o que um governador não
consegue há 23 anos no Estado.
Eduardo Paes sobressai, até pela
falta de graça, em meio a tantos postulantes "rotuláveis" (evangélico,
pró-maconha, pró-aborto...).
Ainda que dê zebra no segundo
turno, Cabral terá colecionado sucessos: ejetou Cesar Maia, uniu sob
seu comando o PMDB fluminense,
selou trégua com o PT, satisfez a
banda podre da Assembléia e agradou os poderosos ao inventar um
candidato "palatável". Tudo isso
sem fechar portas para si próprio.
Poderá abraçar Aécio, Dilma, Serra,
tanto faz. Todos vão procurá-lo.
mfilho@folhasp.com.br
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