São Paulo, Terça-feira, 19 de Outubro de 1999
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PAINEL DO LEITOR

Parente é funcionário
"A sociedade brasileira parabeniza a Folha pela reportagem sobre os 315 parentes empregados por nossos moralistas deputados. Triste é saber que eles votarão a reforma da Previdência, prejudicando os trabalhadores públicos e privados. Coitados de nós, simples mortais."
Sergio de Souza Brasil (Rio de Janeiro, RJ)

"Após a leitura da reportagem "Câmara emprega 315 parentes" (Brasil, 17/10), ficaram, depois da náusea, perguntas para os ilustríssimos deputados. Aos senhores Themístocles Sampaio e Gerson Peres: seus filhos não têm capacidade de se colocar no mercado de trabalho por conta própria? Então, não devem ter capacidade para o emprego que têm. E por que nós temos que pagar? Ao sr. Eurico Miranda: quem paga sua verba de gabinete? E ao sr. Francisco Rodrigues: "Viva a ditadura!'"
Marcia Carvalhaes (Rifaina, SP)

"Eu me senti mal quando vi meu nome na lista dos parentes empregados pelo deputado federal Themístocles Sampaio, meu pai. A Folha parecia dizer que eu estava fazendo algo demasiadamente errado. Como pena, a exposição pública.
Não concordo com os excessos de contratações de parentes nos gabinetes. Mas é possível que dentro de casa um deputado encontre a pessoa ideal para um trabalho de assessoria.
Fui contratado pelo gabinete por ser jornalista e já durante a campanha ter coordenado a assessoria de comunicação. Tenho 31 anos. Fui, dos 23 aos 27, servidor concursado da Justiça Federal do Piauí. Nunca havia ocupado nenhum cargo público por benefício de ser filho de político no poder."
Mauro Sampaio (Teresina, PI)

Collor
"Não concordo que a imprensa tenha sido omissa, muito menos a Folha. Ela pode, quando muito, pecar por informações incompletas ou mal apuradas, que são repassadas aos leitores por um ou outro de seus jornalistas. Assim, em relação ao artigo de Marcelo Beraba (Opinião, 15/10, pág. 1-2), esclareço que : a) o acordo referente a créditos de ICMS dos usineiros foi celebrado, por determinação judicial, numa sessão pública, no fórum de Justiça; b) nenhum contrato de prestação de serviços foi julgado irregular; c) no meu período de governo, nenhuma contratação ilegal foi feita; ao contrário, reduziu-se de forma expressiva o número de funcionários; d) a legislação que normatiza o uso da chamada verba secreta de que dispõem os governos de Estados e a Presidência da República sempre foi por mim rigorosamente seguida; e) no mínimo leviana é a consideração quanto ao meu programa habitacional: só em Maceió construímos para os desabrigados um dos maiores conjuntos do Estado, com cerca de 4.000 casas, sem um centavo de ajuda do governo federal e em tempo recorde."
Fernando Collor de Mello, ex-presidente da República (São Paulo, SP)
Resposta do jornalista Marcelo Beraba - Ponto a ponto:
a) Foram dois acordos, e não um, ambos considerados lesivos a Alagoas pelo Tribunal de Contas do Estado. As dívidas com os usineiros já haviam sido ressarcidas pelo antigo Instituto do Açúcar e do Álcool. Eles receberiam, portanto, duas vezes por uma mesma dívida. O segundo acordo foi anulado pela Justiça em setembro de 89.
b) Embora não tenha sido considerado irregular, o contrato do governo de Alagoas com a empresa de consultoria ZCL, dirigida por Zélia Cardoso de Melo em abril de 88, foi feito sem concorrência e sem verba disponível no Orçamento.
c) Foram 3.408 pessoas contratadas sem concurso ao longo mandato de Collor como prefeito biônico de Maceió (79/82). Só no último dia de mandato, foram 462.
d) Nos últimos cinco meses no governo de Alagoas, Collor estourou a verba secreta em 5.276%. Parte da verba foi usada para presentear amigos e até para comprar flores.
e) O ex-presidente talvez se refira à construção de 2.578 casas populares no bairro Duque-Estrada, periferia de Maceió, sem saneamento e que inundavam com as chuvas.

Taxa de segurança
"Perguntar ofende?
Será que a taxa de R$ 2,50 nas contas telefônicas servirá mesmo para financiar a compra de equipamentos para a polícia paulista? Ou será como a CPMF, que estamos pagando sem ver melhorias na saúde nem em outro setor público?"
Diva Lea Batista da Silva (Assis, SP)

"Taxa de segurança: conforme sugestão do governador Mário Covas, a ser cobrada na conta telefônica (o que seria mais um aumento) para levantar recursos para equipar nossa polícia. Por que não elevar o IPI (ou outro imposto) sobre cigarros e bebidas alcoólicas? O cigarro comprovadamente causa muitos males (o que é admitido até pelo fabricante) e as bebidas alcoólicas causam também violência. O aumento de imposto sobre essas duas "drogas" traria menos consumo, o que seria igual a menos doenças, e aumentaria substancialmente os recursos do governo."
Paulo Ferreira Silva (São Joaquim da Barra, SP)

"Minha mulher e eu somos aposentados do serviço público municipal e durante o mês de setembro pagamos R$ 2.450,19 entre Imposto de Renda na fonte, CPMF, ICMS de compras e contas de luz e telefone, Previdência oficial e mais R$ 210,88 de IPTU. Só esse último nos retribuiu diretamente, retirando religiosamente o lixo domiciliar e mantendo outros serviços. O acréscimo de mais R$ 5 como "taxa 190" na despesa mensal não fará diferença nenhuma em nossas vidas."
Alberto Soukup (São Paulo, SP)


Preconceito
"Como é triste, em final de milênio, ler uma reportagem como essa: "Aluno gay é ameaçado de expulsão" (Folhateen, 18/10).
Como uma escola pode pensar em expulsar um aluno? Primeiro, ele tem direito à escola. Segundo, como um pedagogo pode simplesmente eliminar um aluno da escola por achar que ele está causando problemas, jogar para o conselho de classe a responsabilidade da expulsão e ainda desconhecer outro jeito de solucionar o caso? Como essa escola pode preparar seus alunos para a vida com essa mentalidade de exclusão numa época de globalização?"
Myrian Lucy Meconi (Franco da Rocha, SP)

Cachaça de verdade
"Em reportagem publicada dia 12/10, sob o título "Bebida contaminada pode ter matado sete lavradores em AL", atribui-se, erroneamente, o nome "cachaça" para designar as bebidas que, infelizmente, vitimaram centenas de pessoas na Bahia.
O Programa Brasileiro de Desenvolvimento da Aguardente de Cana, Caninha ou Cachaça (PBDAC), que representa mais de 75% da produção nacional dessa bebida, vem fazendo um enorme esforço para valorizar a imagem e garantir a qualidade do produto aos consumidores nos mercados interno e externo. Por isso, informamos que a legislação vigente define aguardente de cana, caninha ou cachaça (que são o mesmo produto com designações regionais diferentes) como sendo um destilado de cana com padrões de identidade, qualidade e composição determinados. Portanto, qualquer bebida feita fora dessas determinações não pode nem deve ser chamada de nenhum dos nomes referidos acima."
Paulo Pepe, assessor de imprensa do PBDAC/Abrabe (São Paulo, SP)




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