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UE EM JOGO
Nada é mais precioso nos mercados financeiros que o respeito às "regras do jogo". Numa negociação de dívida externa ou na avaliação de risco de crédito de países,
austeridade compra confiança.
Pouco importa que os desequilíbrios de empresas ou de contas públicas tenham como origem não a irresponsabilidade ou o populismo,
mas a instabilidade da própria economia ou a mudança de humor dos
mercados. Romper as regras da prudência ou falhar no cumprimento de
metas fiscais e financeiras é fatal.
Embora seja comum a ruptura das
regras do jogo nas economias ditas
periféricas, a crise global chegou a tal
ponto que o fenômeno agora se manifesta na Alemanha e, de modo
mais amplo, na União Européia.
O projeto de unificação europeu
contou desde o início com a imposição de critérios bastante rígidos pela
instituição de maior peso no sistema, o banco central da Alemanha.
Mas o presidente da Comissão Européia, o italiano Romano Prodi, fez
duras críticas ao estatuto da estabilidade financeira. Para Prodi, "o pacto
de estabilidade é estúpido, como todas as decisões que são rígidas".
As regras atuais, estabelecidas em
1999, impõem um teto para o déficit
público de 3% do PIB. Os infratores
devem pagar multas.
Mas não foi a Grécia -ou a Itália- que rompeu o regime de austeridade. São a Alemanha e a França
que se mostram incapazes de respeitar as metas. Na prática, os europeus
mudam as regras quando lhes convém. Já se prorrogou o prazo para
atingir o equilíbrio fiscal de 2004 para 2006. Ainda não é suficiente. É o limite de 3% para o déficit público
que, para Prodi, é ineficaz.
O drama europeu foi ainda mais
claramente resumido pelo porta-voz
da comissão européia, Jonathan
Faull. Estúpida, na visão de europeus, é a "aplicação dogmática" de
regras quando muda a conjuntura
econômica em que elas se aplicam.
Mais que o respeito às regras do jogo, os líderes europeus buscam agora mais poder e legitimidade para jogar com as próprias regras.
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