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A BOMBA COREANA
A surpreendente revelação
por parte de autoridades norte-coreanas de que o país possui armas
atômicas e a insinuação de que pode
até contar com armas químicas e
biológicas comporta duas interpretações. Na mais benigna, que é a oficialmente sustentada pelo presidente
da Coréia do Sul, Kim Dae-Jung, o vizinho do norte está disposto a tornar-se um país "normal". Para prová-lo, começou a falar francamente
sobre assuntos que antes escondia.
Outros analistas, contudo, acreditam que a Coréia do Norte tenta agora mostrar-se para o mundo como
uma ameaça maior do que de fato é.
Por essa versão, os dirigentes norte-coreanos estariam convictos de que,
parecendo mais fortes, obteriam
maiores concessões de países como
Coréia do Sul, Japão e EUA.
Ambas as interpretações fazem
sentido, e parece precipitado excluir
desde já uma delas. Sejam quais forem as reais intenções da Coréia do
Norte, o mais notável nesta crise é o
comportamento exibido pelos EUA.
Apesar de George W. Bush ter incluído a Coréia do Norte no célebre "eixo
do mal" -ao lado do Irã e do Iraque- e apesar de Pyongyang ter admitido que agiu clandestinamente,
contrariando acordos, Washington
deu indícios de que pretende lidar
com a situação pela via diplomática.
É uma atitude que contrasta fortemente com a adotada em relação ao
Iraque. Vale lembrar que Washington ameaça lançar um ataque militar
contra Bagdá para impedir que Saddam Hussein desenvolva armas de
destruição em massa. A Coréia do
Norte, na visão de Bush um Estado
delinquente exatamente como o Iraque, admite que possui esse tipo de
armamento e não sofre a ameaça de
ser bombardeada. Trata-se, claramente, da aplicação de uma política
de dois pesos e duas medidas.
O mais importante nesse episódio
é que ele mostra que os EUA são capazes de reagir com serenidade
quando têm interesse em fazê-lo.
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