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CARLOS HEITOR CONY
Fatos novos e velhos
RIO DE JANEIRO - A dez dias da
decisão do segundo turno, a vantagem de Lula sobre Alckmin parece
que tende a crescer, garantindo a
reeleição. Desde o inicio da campanha eleitoral, quando eram muitos
os candidatos, venho dizendo que
somente um fato novo e importante derrotaria o atual presidente.
Esse fato novo e importante não
se deu no âmbito pessoal de Lula,
embora muitos fatos novos e importantes tenham jogado seu partido na lixeira da corrupção e da ineficiência.
A iminente vitória de Lula, entre
outras considerações, representa a
derrota da mídia, sobretudo da mídia impressa. Os "manuais da Redação" foram cumpridos à risca, dando a Lula e Alckmin os mesmos espaços e os mesmos destaques, milimetricamente contados. Mas foi indisfarçável a cobertura exaustiva
dos escândalos do PT, que não chegaram ainda a uma conclusão, mas
que comprometem pesadamente o
partido do qual Lula é presidente de
honra e candidato compulsório à
presidência da República.
Cronologicamente, o último fato
novo que se tornou velho foi o do
dossiê comprado com dinheiro até
hoje não explicado. E que dificilmente será explicado até que seja
encontrado um bode expiatório do
segundo ou terceiro escalão das
hostes petistas.
O fato é que o dossiê, independente do seu conteúdo ou de sua
aquisição, não resvalou para a pessoa de Lula. Pelo contrário, teve o
mérito de separar o partido do presidente, o que não ocorreu com os
escândalos anteriores como o do
mensalão. Este, sim, apesar dos
desmentidos, comprometeu-o de
forma irreparável.
A mídia noticiou os escândalos,
mas o grosso do eleitorado não tomou conhecimento da indignação
dos colunistas e da persistência do
noticiário. O resultado é a possível
vitória de Lula e a derrocada do PT.
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