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Editoriais
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Das cinzas da crise
COM O tempo fica claro que
as fases mais dramáticas da
crise econômica em curso
foram agravadas pela existência
de um vácuo político. O fim de
mandato do presidente americano e a polifonia dos líderes europeus pioraram a situação.
Nesse contexto, a urgência
econômica funcionou como um
presente para o premiê britânico
Gordon Brown, um político em
franco declínio até poucas semanas atrás. Autor do plano que se
tornou modelo para muitos governos, ele conseguiu projetar-se na cena internacional e ressuscitou politicamente.
Um mês atrás, o premiê quase
perdeu o cargo por falta de apoio
em seu partido, o Trabalhista, o
qual, dois meses antes, sofrera a
pior derrota em 40 anos nas eleições locais. Brown serviu por
uma década como ministro das
Finanças de Tony Blair. Desde
que o substituiu, em junho de
2007, sua popularidade caía.
A crise exigiu que mudasse sua
doutrina. De crítico da regulação, tornou-se responsável por
um pacote que estatizou boa parte do setor financeiro britânico.
A gigantesca ação intervencionista foi a luz no fim do túnel para os europeus, sendo também
copiada nos EUA. Agora Brown
sugere uma segunda etapa para
enfrentar a derrocada. Propõe a
criação de um sistema de alerta
global e a reforma do FMI.
A história da crise ainda está
sendo escrita. Seria exagero
comparar o britânico a estadistas como Franklin Roosevelt e
Winston Churchill, que lideraram seus países em momentos
dramáticos. Por ora, Gordon
Brown foi apenas o político que
melhor aproveitou a oportunidade para salvar sua carreira. Renasceu das cinzas da crise.
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