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DÍVIDAS ARGENTINAS
Para defender as reservas internacionais do país, o governo
argentino decidiu adiar a amortização de um empréstimo do Banco
Mundial. Pagou apenas os juros correspondentes. De acordo com as
normas do banco, se o pagamento
não for realizado em 30 dias, a Argentina pode se tornar inelegível para novos empréstimos ou para reduções das taxas de juros nos empréstimos vigentes. Os repasses de empréstimos em vigor também podem
ser suspensos se o pagamento não
for efetuado em 60 dias.
Assim, o governo Duhalde procura
ganhar mais alguns dias para concluir o acordo com o Fundo Monetário Internacional. Os argentinos sabem que a restauração das linhas de
crédito com o Fundo pode garantir a
regularização dos contratos com o
Bird, bem como iniciar a reprogramação dos pagamentos aos credores
privados. Sabem também que é importante preservar as reservas internacionais. Foram elas que permitiram a estabilização da moeda em
torno de 3,5 pesos por dólar.
Diante da gravidade da crise interna e da restrição do crédito externo,
seria conveniente que as instituições
multilaterais -como o FMI e o
Bird- procurassem promover o
imediato reescalonamento das dívidas argentinas. Somente a reprogramação e o alongamento dos prazos
podem permitir a retomada dos fluxos de crédito, estimulando a atividade econômica e as exportações. Com
isso, os recursos para honrar as obrigações externas serão gerados. No
entanto, as instituições multilaterais
já forçaram o repagamento de US$ 4
bilhões durante o ano corrente.
O acordo com o FMI ainda enfrenta
vários obstáculos. O Fundo exige a
articulação de um pacto político de
apoio ao acordo, maior ajuste fiscal
principalmente das Províncias e aumento substancial nas tarifas dos
serviços públicos privatizados. A resistência das instituições multilaterais em reescalonar as dívidas da Argentina dificulta ainda mais a situação do país (cujo PIB se contraiu 15%
em 12 meses), com graves repercussões em toda a região.
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