São Paulo, terça-feira, 19 de novembro de 2002

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DÍVIDAS ARGENTINAS

Para defender as reservas internacionais do país, o governo argentino decidiu adiar a amortização de um empréstimo do Banco Mundial. Pagou apenas os juros correspondentes. De acordo com as normas do banco, se o pagamento não for realizado em 30 dias, a Argentina pode se tornar inelegível para novos empréstimos ou para reduções das taxas de juros nos empréstimos vigentes. Os repasses de empréstimos em vigor também podem ser suspensos se o pagamento não for efetuado em 60 dias.
Assim, o governo Duhalde procura ganhar mais alguns dias para concluir o acordo com o Fundo Monetário Internacional. Os argentinos sabem que a restauração das linhas de crédito com o Fundo pode garantir a regularização dos contratos com o Bird, bem como iniciar a reprogramação dos pagamentos aos credores privados. Sabem também que é importante preservar as reservas internacionais. Foram elas que permitiram a estabilização da moeda em torno de 3,5 pesos por dólar.
Diante da gravidade da crise interna e da restrição do crédito externo, seria conveniente que as instituições multilaterais -como o FMI e o Bird- procurassem promover o imediato reescalonamento das dívidas argentinas. Somente a reprogramação e o alongamento dos prazos podem permitir a retomada dos fluxos de crédito, estimulando a atividade econômica e as exportações. Com isso, os recursos para honrar as obrigações externas serão gerados. No entanto, as instituições multilaterais já forçaram o repagamento de US$ 4 bilhões durante o ano corrente.
O acordo com o FMI ainda enfrenta vários obstáculos. O Fundo exige a articulação de um pacto político de apoio ao acordo, maior ajuste fiscal principalmente das Províncias e aumento substancial nas tarifas dos serviços públicos privatizados. A resistência das instituições multilaterais em reescalonar as dívidas da Argentina dificulta ainda mais a situação do país (cujo PIB se contraiu 15% em 12 meses), com graves repercussões em toda a região.


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