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TRANSIÇÃO CHINESA
Com uma população de 1,2 bilhão de habitantes e uma economia que há mais de uma década
experimenta taxas anuais de crescimento de 8% e cujo PIB já atinge US$
1,2 trilhão, nenhuma análise sobre
os próximos lances da política e da
economia do planeta pode dar-se ao
luxo de deixar a China de fora.
Se essa afirmação parece segura,
bem menos certo parece o futuro político da cúpula dirigente chinesa.
Jiang Zemin acaba de deixar a chefia
do todo-poderoso Partido Comunista Chinês (PCC). Em seu lugar, subiu
o vice-presidente Hu Jintao. A dúvida
é se Jiang realmente perde poder e se
Hu de fato ganha. Em algum grau,
isso parece ser verdade. A secretaria-geral do PCC ainda é tecnicamente o
cargo de maior poder na China. Mais
ainda, Jiang está constitucionalmente obrigado a também deixar a Presidência do país em março próximo.
Mas Jiang, a exemplo de seu antecessor, Deng Xiaoping, parece ter
conseguido manter-se, senão como
homem-forte, ao menos como eminência parda do governo. Dos nove
integrantes do Politburo, Jiang conseguiu indicar seis. Ele também foi
capaz de manter-se como presidente
da poderosíssima Comissão Militar
Central, que lhe dá controle sobre o
Exército de 2,5 milhões de soldados.
Hu, por sua vez, sai de algum modo fortalecido, mas de maneira nenhuma com plenos poderes. Seu
perfil ainda é uma incógnita. Para alguns analistas ele é um reformista,
para outros, um linha-dura.
Ao que parece, a China está apostando numa transição do tipo "lenta,
gradual e segura", que privilegia a
formação de consensos em lugar de
apostar no confronto entre facções
rivais. Tanto é assim que esta foi a
mais tranquila das transições de poder na história da China comunista.
Ao que tudo indica, o objetivo principal do PCC continua sendo a estabilidade. Enquanto não houver sangrentas disputas pelo poder que prejudiquem o crescimento da economia, ninguém ousará desafiar o regime de partido único.
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