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RUY CASTRO
Prontuário do Papai Noel
RIO DE JANEIRO - Um helicóptero com um Papai Noel que levava
presentes para as crianças do Complexo da Maré foi atingido por dois
tiros de fuzil na tarde de domingo.
Ninguém se machucou, e o bravo
Papai Noel voltou de carro para distribuir os presentes. Claro que, sendo no Rio, a história foi para o noticiário com o tratamento de "nem o
Papai Noel escapa da violência".
Mas, nesse caso, o problema é da
época, não do Rio. Dezembro é um
mês com alta incidência de Papais
Noéis, mais que, digamos, fevereiro
ou agosto. No Natal de 2002, por
exemplo, um Papai Noel levou um
tiro no peito na frente das crianças
ao ser atacado por três homens armados quando distribuía doces numa favela de Colombo, na Grande
Curitiba. Não que os bandidos estivessem a fim dos doces -só não
queriam estranhos por ali. A notícia
ficou por lá mesmo e não se sabe
nem se o homem morreu.
No mês passado, três bandidos,
entre os quais um Papai Noel a bordo de uma pistola semi-automática
765, entraram numa casa do Jardim Claret, em Rio Claro, SP, e
agrediram a coronhadas uma senhora de 71 anos para roubar R$
5.000. Tinham 20, 18 e 17 anos, e até
há pouco ainda estavam pondo o sapatinho para Papai Noel.
E, neste fim de semana, outra história do gênero teve, pelo menos,
um final feliz. Em 2001, Renata, jovem publicitária paulistana, foi atacada numa rua do Brooklin por um
Papai Noel que lhe deu três tiros na
boca com balas dundum -aquelas
que explodem depois de disparadas. Não morreu, mas teve a arcada
dentária destroçada. Agora, seis
anos depois, completou-se o doloroso tratamento que recebeu de
graça de um dentista amigo. Renata
já pode sorrir. Mas como se sente
diante de um Papai Noel?
Mais triste que um Papai Noel vítima, só um Papai Noel como sinistro agressor.
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