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FERNANDO RODRIGUES
Matemática eleitoral
BRASÍLIA - Aécio Neves anunciou sua saída da corrida presidencial. As consequências foram todas
listadas ontem, sobretudo a pressão
maior sobre José Serra -agora
compelido a assumir de uma vez a
candidatura ao Planalto.
Apesar do impacto, é precipitado
considerar o quadro sucessório fechado. Há ainda mais de nove meses até o dia 3 de outubro, data do
primeiro turno em 2010.
Para ficar num exemplo emblemático, Fernando Henrique Cardoso acalentava uma tênue possibilidade de vitória em dezembro de
1993. O nome forte era o do petista
Luiz Inácio Lula da Silva. Em outubro de 1994, o tucano foi eleito.
Hoje, o Brasil é outro. Não há um
Plano Real à vista alavancando um
político da noite para o dia. Mas
continua a existir uma miríade caótica de partidos médios e grandes.
Falta também um histórico consolidado de eleições sem o qual não se
fazem previsões tão antecipadas
com um mínimo de ciência.
O cenário eleitoral vai se formar
mesmo por conta da numerologia
das pesquisas de opinião. Se Serra
disparar e Dilma Rousseff (PT) ficar bem atrás, o tucano é candidato
a presidente. Nada impedirá então
Aécio Neves de embarcar no projeto com a vaga de vice-presidente.
Num cenário oposto, se Serra
derrapar e ficar empatado ou até
atrás de Dilma, é difícil vislumbrar
o atual governador de São Paulo renunciando ao cargo e entrando numa competição para perder. Nessa
hipótese, Aécio pode renunciar à
renúncia e virar candidato.
O segundo pelotão também será
regido pela matemática eleitoral
das pesquisas. Ciro Gomes (PSB) só
será candidato se puder atingir em
2010 algo acima dos 12% que conquistou em 2002.
Tudo considerado, o "forfait" de
Aécio agitou o mundinho político.
Mas a indefinição ainda é grande
sobre quem estará para valer na sucessão de Lula em 2010.
frodriguesbsb@uol.com.br
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