São Paulo, sábado, 19 de dezembro de 2009

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FERNANDO RODRIGUES

Matemática eleitoral

BRASÍLIA - Aécio Neves anunciou sua saída da corrida presidencial. As consequências foram todas listadas ontem, sobretudo a pressão maior sobre José Serra -agora compelido a assumir de uma vez a candidatura ao Planalto.
Apesar do impacto, é precipitado considerar o quadro sucessório fechado. Há ainda mais de nove meses até o dia 3 de outubro, data do primeiro turno em 2010.
Para ficar num exemplo emblemático, Fernando Henrique Cardoso acalentava uma tênue possibilidade de vitória em dezembro de 1993. O nome forte era o do petista Luiz Inácio Lula da Silva. Em outubro de 1994, o tucano foi eleito.
Hoje, o Brasil é outro. Não há um Plano Real à vista alavancando um político da noite para o dia. Mas continua a existir uma miríade caótica de partidos médios e grandes.
Falta também um histórico consolidado de eleições sem o qual não se fazem previsões tão antecipadas com um mínimo de ciência.
O cenário eleitoral vai se formar mesmo por conta da numerologia das pesquisas de opinião. Se Serra disparar e Dilma Rousseff (PT) ficar bem atrás, o tucano é candidato a presidente. Nada impedirá então Aécio Neves de embarcar no projeto com a vaga de vice-presidente.
Num cenário oposto, se Serra derrapar e ficar empatado ou até atrás de Dilma, é difícil vislumbrar o atual governador de São Paulo renunciando ao cargo e entrando numa competição para perder. Nessa hipótese, Aécio pode renunciar à renúncia e virar candidato.
O segundo pelotão também será regido pela matemática eleitoral das pesquisas. Ciro Gomes (PSB) só será candidato se puder atingir em 2010 algo acima dos 12% que conquistou em 2002.
Tudo considerado, o "forfait" de Aécio agitou o mundinho político.
Mas a indefinição ainda é grande sobre quem estará para valer na sucessão de Lula em 2010.

frodriguesbsb@uol.com.br


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