|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Editoriais
editoriais@uol.com.br
Tragédia no Cambuci
O DESABAMENTO da sede da
Igreja Renascer em Cristo, na noite de domingo
em São Paulo, motiva dupla
consternação: pelas vítimas e pelo fato de que a tragédia poderia
ter sido evitada. A aplicação preventiva de normas de segurança
-por parte seja das autoridades,
seja dos responsáveis por edificações- ainda não se tornou valor generalizado na capital.
O desastre deixou pelo menos
nove mortos e 110 feridos. Como
a capacidade do templo do Cambuci, na região central, é de 1.800
pessoas, o acidente poderia ter
sido ainda mais grave. Os bombeiros avaliaram que cerca de
500 pessoas circulavam pelo local quando o teto ruiu.
Um inquérito policial foi aberto, e apenas a perícia técnica poderá determinar quais foram as
causas da queda. Por ora, a tragédia evidenciou mais uma vez como são ineficientes os mecanismos de fiscalização sobre os imóveis na cidade de São Paulo.
O prédio estava em condição
legal, segundo a igreja. Em 2008,
as autoridades municipais revalidaram o alvará de funcionamento do imóvel. Mas o laudo do
corpo de bombeiros estava vencido. Além disso, lobby da bancada evangélica da Câmara Municipal paulistana impediu, há dois
anos, que uma CPI incluísse
templos em investigação sobre
irregularidades em locais de
grande concentração.
Após a tragédia, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) anunciou a
instalação de uma secretaria para fiscalizar imóveis com essa característica. Criar comissões, secretarias e até novas leis é a resposta padrão de autoridades brasileiras diante de acontecimentos que despertam comoção popular. A atitude, como a experiência demonstra à exaustão,
não garante melhoria nenhuma.
O ajuste das edificações de uso
coletivo da cidade de São Paulo
aos padrões convencionais de segurança exige das autoridades
mudança de conduta -e não, necessariamente, de gabinetes.
Texto Anterior: Editoriais: A promessa Obama Próximo Texto: São Paulo - Ricardo Melo: Água na fervura Índice
|