São Paulo, terça-feira, 20 de janeiro de 2009

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Editoriais

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Tragédia no Cambuci

O DESABAMENTO da sede da Igreja Renascer em Cristo, na noite de domingo em São Paulo, motiva dupla consternação: pelas vítimas e pelo fato de que a tragédia poderia ter sido evitada. A aplicação preventiva de normas de segurança -por parte seja das autoridades, seja dos responsáveis por edificações- ainda não se tornou valor generalizado na capital.
O desastre deixou pelo menos nove mortos e 110 feridos. Como a capacidade do templo do Cambuci, na região central, é de 1.800 pessoas, o acidente poderia ter sido ainda mais grave. Os bombeiros avaliaram que cerca de 500 pessoas circulavam pelo local quando o teto ruiu.
Um inquérito policial foi aberto, e apenas a perícia técnica poderá determinar quais foram as causas da queda. Por ora, a tragédia evidenciou mais uma vez como são ineficientes os mecanismos de fiscalização sobre os imóveis na cidade de São Paulo.
O prédio estava em condição legal, segundo a igreja. Em 2008, as autoridades municipais revalidaram o alvará de funcionamento do imóvel. Mas o laudo do corpo de bombeiros estava vencido. Além disso, lobby da bancada evangélica da Câmara Municipal paulistana impediu, há dois anos, que uma CPI incluísse templos em investigação sobre irregularidades em locais de grande concentração.
Após a tragédia, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) anunciou a instalação de uma secretaria para fiscalizar imóveis com essa característica. Criar comissões, secretarias e até novas leis é a resposta padrão de autoridades brasileiras diante de acontecimentos que despertam comoção popular. A atitude, como a experiência demonstra à exaustão, não garante melhoria nenhuma.
O ajuste das edificações de uso coletivo da cidade de São Paulo aos padrões convencionais de segurança exige das autoridades mudança de conduta -e não, necessariamente, de gabinetes.


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