São Paulo, quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

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Editoriais

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Mercado quente

Foram criados 2,136 milhões de empregos formais (com carteira assinada) no ano passado, o melhor resultado dos oito anos do governo Lula. Entre 2003 e 2010 o total chegou a pouco mais de 13 milhões. É quase quatro vezes o apurado durante os oito anos imediatamente anteriores -cerca de 3,5 milhões de empregos.
De 2004 a 2010, a taxa de desocupação nas principais regiões metropolitanas recuou em pouco mais de seis pontos, passando da faixa de 12% da força de trabalho para a de 6%. Já o salário dos empregados celetistas recém-contratados recuperou, no ano passado, o nível do começo dos anos 2000, após ter despencado aproximadamente 25% em 2002 e 2003, no rastro da crise de confiança ocorrida na transição presidencial. Por fim, a formalização do trabalho voltou ao nível de 1994, após ceder quase continuamente entre 1991 e 2005.
Não é exagero dizer, portanto, que o emprego forte e dinâmico permitiu consolidar um significativo mercado de consumo de massas nos últimos anos, com destaque para a ascensão de setores de renda mais baixa.
Se as notícias positivas são muitas, há também em cena riscos importantes. O maior deles, no momento, é o excessivo aquecimento da atividade econômica pressionar ainda mais a inflação -que encerrou 2010 em 5,9% e não dá sinais de arrefecer.
Além do custo dos alimentos, que aumentou 10% em 2010, a massa salarial cresceu 7,5% em termos reais -o que torna mais árduo o combate à inflação. O aumento dos preços na área de serviços, por exemplo, está totalmente ligado à dinâmica do mercado de trabalho e dificilmente ficará, neste ano, aquém dos 7,5% de 2010.
Ainda que a economia perca algum dinamismo em 2011, é bastante provável que o emprego e a demanda interna sigam em alta. O que fica patente é que a fase do crescimento fácil -decorrente da ocupação de capacidade ociosa nas fábricas e no mercado de trabalho- ficou para trás.
Para enfrentar os desequilíbrios que se anunciam, o governo precisará adotar novas estratégias, como o controle de gastos públicos e estímulos à ampliação dos investimentos. A elevação da taxa básica de juros -que ontem subiu meio ponto percentual- não poderá mais ser o único instrumento para combater pressões inflacionárias.


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