São Paulo, sexta-feira, 20 de fevereiro de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Sombra no Planalto
"Extremamente objetivo e esclarecedor o artigo de Marilena Chaui na Folha de 18/2 ("A disputa simbólica", "Tendências/Debates", pág. A3). Que o governo saiba manter-se forte, com os atributos e compromissos éticos e sociais que com certeza possui, e não se deixe contaminar pelo PFL e pelo PSDB, que, depois de enfiarem o país num mar de lama por oito anos, se acostumaram ao cheiro da carniça e tentam, com a complacência de parte da mídia, encontrá-la também no atual governo."
Carlos Versiani, historiador (Belo Horizonte, MG)

 

"Fui aluno de Marilena Chaui na Faculdade de Filosofia da USP e, num trabalho acadêmico sobre a filosofia de Espinoza, ela me deu um: "Tenha dó!". Em relação ao seu artigo de 18/2, devolvo-lhe com todo o respeito: tenha dó! Aprendi, na Faculdade de História da USP, a apreciar a máxima de que, "contra fatos, não há argumentos", ainda que se possa "filosoficamente" discutir o que sejam fatos. Para mim, está cada vez mais claro e evidente que o professor Giannotti tinha razão quando escreveu sobre a "imoralidade constitutiva da política"."
Otavino Candido de Paula Neto (Cotia, SP)

Parceria
"Em relação ao editorial "Parceria urbana" (Opinião, 16/2), é preciso esclarecer que a proposta de parceria com a iniciativa privada para a urbanização das favelas de Heliópolis e de Paraisópolis respeita plenamente o Plano Diretor Estratégico da cidade e não implica nenhum risco de descaracterização dos bairros. A possibilidade de usar o potencial construtivo adicional restringe-se ao que já está estabelecido no Plano Diretor e nos planos regionais estratégicos, o que exclui expressamente sua aplicação nas zonas residenciais (Z1). As áreas passíveis de outorga onerosa estão dentro da região com mais infra-estrutura e limitadas às antigas zonas Z2, Z3, Z4 e Z5. Nessas áreas, onde o coeficiente de aproveitamento básico gratuito pode ser ultrapassado com a outorga onerosa, os empreendedores podem construir até duas e meia ou, no máximo, quatro vezes a área dos terrenos, observando ainda os limites dos estoques de área adicional estabelecidos pelos planos regionais estratégicos em cada distrito. Assim o projeto não altera o Plano Diretor nem representa risco de ocupação desordenada. O planejamento urbano está garantido. A proposta de parceria para financiamento da urbanização de Heliópolis e de Paraisópolis é uma alternativa que se soma a um conjunto de ações da prefeitura nas duas áreas, que incluem obras como drenagem, pavimentação de ruas e entrega de 1.200 unidades habitacionais (em Heliópolis). A Sehab removeu mais de 14 mil famílias de área de risco, urbanizou 69 loteamentos na cidade, beneficiando 50 mil famílias, e 36 favelas estão em processo de urbanização."
Paulo Teixeira, secretário da Habitação e Desenvolvimento Urbano do município de São Paulo (São Paulo, SP)

83 anos da Folha
A Folha agradece as mensagens pela passagem de seu 83º aniversário recebidas de: Edevaldo Alves da Silva, presidente da UniFMU (São Paulo, SP); Wellington Moreira Franco, Fundação Ulysses Guimarães (Rio de Janeiro, RJ); Milton Monti, deputado federal -PL-SP (Brasília, DF); Alberto "Turco Loco" Hiar, deputado estadual -PSDB (São Paulo, SP); João Rodarte e equipe, Companhia de Notícias (São Paulo, SP); Edson Orlando Modelli, vereador (Tupã, SP); Kleber S. Patrício, (Campinas, SP); Rosemberg Rodrigues de Castro, radialista (Bom Despacho, MG)

Televisão
"Quem trabalha em TV não está imune a críticas. Nem deve estar, porque elas nos ajudam a melhorar. O que não se pode aceitar é a leviandade. E é isso o que vem fazendo Nelson de Sá. A tal ponto que suas colunas deixaram, há anos, de merecer reflexão. Mas há vezes em que o colunista se excede de tal modo, descambando para um ataque tão grosseiro quanto sem fundamento, que não é possível deixar que os insultos virem jornal velho. Exemplo disso é a coluna "Passando a limpo" (Brasil, 17/2), em que ele tentou acusar a Globo de proteger o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, no primeiro dia da cobertura do escândalo que envolveu um assessor do Planalto. O que Sá escreveu foi uma mistura de fatos distorcidos, omissões e a simples falta com a verdade. Ele começou denunciando nenhuma palavra ter sido dita sobre o escândalo no "Bom Dia Brasil", que vai ao ar às 7h15, mas ele omitiu que a revista "Época", autora das denúncias, só circulou muitas horas depois, o que tornava impossível qualquer menção ao fato. Depois, Sá denunciou o fato de o "Jornal Hoje" também ter silenciado sobre o escândalo, o que é uma inverdade. O telejornal deu a notícia da demissão de Waldomiro Diniz, pivô dos acontecimentos, fez um relato da denúncia e disse, com todas as letras, que ele tinha sido assessor do ministro José Dirceu. Mais adiante, em relação ao "Jornal Nacional", Sá disse: "De repente, ouve-se: "O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, não quis se pronunciar". O telespectador se intrigou: por que ele deveria se pronunciar se nada até então o vinculava à denúncia?". Outra falsidade, porque o repórter disse logo na abertura que Waldomiro era assessor da Secretaria da Articulação Política, mas que, até janeiro, trabalhava na Casa Civil. Foi por ter dito isso que o repórter afirmou adiante que Dirceu não quis se pronunciar. Sá insinuou ainda que as manchetes do "JN" foram escritas também para esconder a posição de Waldomiro, uma interpretação desvairada. O que buscamos foi exatidão. Não poderíamos dar a entender que a notícia era sobre um crime cometido por Waldomiro na condição de assessor do governo. Isso seria leviano, porque a denúncia se referia a dois anos antes, quando o denunciado ocupava outras funções, em outro governo. A notícia foi anunciada com exatidão, ressaltando que um assessor de prestígio era denunciado por seu passado. Eis as manchetes: "Um bicheiro diz que pagou propina ao chefe das loterias do Estado do Rio no governo de Benedita da Silva. E parte do dinheiro era para campanhas eleitorais. O crime, em 2002, foi registrado em vídeo. E, depois da revelação das fitas, o ex-chefe das loterias é demitido do emprego atual: subchefe de Assuntos Parlamentares da Secretaria de Coordenação Política, com sede no Palácio do Planalto". Está tudo aí, com exatidão e detalhe. Talvez seja o caso de perguntar: nas manchetes, qual foi a mais exata, a da Globo ou a da Folha? Vejamos a Folha: "Subsecretário é acusado de negociar propina e concorrência com bicheiro. Vídeo mostra corrupção e derruba assessor de Dirceu". Tal título pode induzir os leitores a imaginar que o subsecretário, na condição de assessor de Dirceu, negociou propina com bicheiro. E não foi isso o que aconteceu. A Globo cobrirá os desdobramentos do caso, tentando antecipá-los, dando furos, mas sem jamais se precipitar em insinuações. No dia seguinte, o "JN" continuou dando prioridade ao assunto, como reconheceu Sá, mas a Folha restringiu o tema a uma pequena chamada na Primeira Página. Seria legítimo supor que a Folha tentou proteger o governo? O que Sá não percebe é que, quando um colunista lido por milhares de pessoas distorce a verdade sobre um telejornal visto por milhões, acaba produzindo apenas uma denúncia contra si próprio."
Carlos Henrique Schroder, diretor da Central Globo de Jornalismo (Rio de Janeiro, RJ)

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