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CÂMBIO EM XEQUE
As pressões de baixa sobre a
cotação do dólar no Brasil foram reforçadas pela decisão do governo de isentar de Imposto de Renda o investidor estrangeiro que aplica
em títulos da dívida pública interna.
A perspectiva de reforço da entrada
de dólares se fortaleceu, e os operadores do mercado já se anteciparam
a essa eventualidade.
A queda do dólar traz, a curto prazo, várias implicações cômodas: ajuda no controle da inflação, alivia os
setores que têm dívida em dólar, barateia importações. Um processo
prolongado e profundo de apreciação do real, porém, teria potencial
significativo de ruptura.
Os alertas dos setores prejudicados
pela valorização do real têm encontrado pouca acolhida. Pesa contra essas queixas o desempenho amplamente superavitário do comércio exterior. Mas levantamentos mostram
perda de participação das exportações brasileiras em mercados estratégicos, de bens manufaturados de
maior valor agregado. Dados da
Funcex (Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior) indicam
que a quantidade exportada de manufaturas brasileiras, que se expandia com velocidade ao longo de 2005,
já transitou para a virtual estagnação.
Desdobramentos recentes ampliaram a margem para reduzir a taxa de
juros básica da economia. São muitos os que apontam a oportunidade
de acelerar essa redução. Cortar os
juros com rapidez seria não apenas
oportuno mas necessário. Já não se
trata somente de aliviar os setores endividados em reais e soltar uma
amarra que emperra o dinamismo
da economia. Trata-se de evitar a
imensa imprudência de permitir que
o movimento de apreciação progressiva do real se aprofunde e se prolongue por muito tempo.
A inflação demonstra comportamento favorável, tendo seu índice
atingido nível próximo da meta definida para este ano. Não há justificativa para, em nome do esforço de controlar a inflação, contribuir para um
movimento de valorização cambial
que já se revela francamente ameaçador para a competitividade do setor
produtivo e a estabilidade futura da
economia.
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