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O PÚBLICO DA USP
As medidas tomadas pela Universidade de São Paulo (USP)
para ampliar a proporção de alunos
oriundos de escolas públicas em seu
corpo discente não produziram os
efeitos esperados. Apesar da criação
da USP Leste, que oferece cursos
com perfil mais voltado para o mercado de trabalho, e do maior número
de isenções da taxa de inscrição no
vestibular dadas aos estudantes mais
pobres, o número de aprovados no
concurso de 2006 que vieram da rede
particular (73,2%) voltou a subir e foi
o maior desde 2001.
Mesmo visto em perspectiva, o
quadro não se alterou. Nesta década,
a fatia das instituições privadas na
USP nunca baixou dos 71,7%. Quando se consideram, porém, que foram
feitas tentativas de "democratizar" a
universidade, impõe-se a conclusão
de que o problema está na qualidade
do ensino das escolas públicas.
Apesar de todas as suas imperfeições, o vestibular avalia, ainda que
palidamente, o conteúdo assimilado
pelos alunos. E não há isenção de taxa ou reengenharia sociouniversitária capaz de substituir um bom ensino fundamental e médio.
Iniciativas como as apresentadas
pela USP devem continuar e podem
até ser ampliadas, como é o caso do
recém-sugerido "cursinho" para os
melhores alunos das públicas. São
alternativas preferíveis às cotas raciais, que apenas buscam corrigir
um erro, a discriminação racial, com
a superposição de outro, a suspensão do sistema meritocrático.
As perversidades sociais existentes
no Brasil e seu viés claramente racista constituem sem dúvida um desafio a ser vencido. Mas a resposta satisfatória a essa questão não está em
medias "ad hoc", e sim numa política consistente de melhoria do ensino
público, da pré-escola ao médio. O
fundamental é que brasileiros de todas as cores e classes sociais, quer venham ou não a cursar uma universidade, tenham direito a uma educação de qualidade.
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