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MEIO PERÍODO PARA TODOS
``Meio Período para Todos'' é o nome de um dos livros do consultor
francês Guy Aznar, especialista em
reestruturação de empresas que se
preparam para reduzir a jornada de
trabalho de seus empregados.
O que parece uma proposta radical
é na verdade uma avaliação da tendência mundial do mercado de trabalho: não há vagas para todos. Logo,
elas devem ser compartilhadas.
O presidente Fernando Henrique
Cardoso mostrou-se, a princípio, a
favor da redução da jornada e a CUT
vai anunciar proposta sobre o tema.
Mas a novidade do debate público
brasileiro sobre o assunto faz com
que se venha ressaltando o aspecto
aparentemente simples, aritmético,
da idéia: se todos trabalharem menos
tempo, mais vagas serão criadas.
Mas tal mágica pode não ocorrer.
O próprio Dieese observa que empresas que reduzem a jornada podem
fazer um esforço para aumentar a
produtividade. Isto é, os empresários
compensariam o custo de manter a
mesma folha salarial -com menos
horas trabalhadas- exigindo maior
eficiência dos empregados.
Se tal providência não desse resultados, haveria então mais contratações. De qualquer modo, o tempo de
trabalho dos novos empregados não
equivaleria às horas reduzidas.
É preciso salientar também que tal
medida é paliativa, ainda que necessária. Os empregos continuarão a ser
pulverizados pelo progresso tecnológico, que ocorre de maneira crescentemente acelerada.
Novos processos e equipamentos
postos à disposição das empresas
vão fazer com que diminua ainda
mais a necessidade de mão-de-obra.
Outras estratégias para a resolução
do problema terão de ser pensadas.
Para que a redução da jornada seja
levada à prática, trabalhadores, empresários e governo precisam discutir as diferentes realidades dos diversos setores da economia e definir
quem paga os custos da iniciativa.
Mas parece ainda distante o sonho de
mais emprego e de ``meio período
para todos''.
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